Moroder comprova a genialidade de seu som com set regado a hits e timbres duvidosos
“Baile da saudade”, “reunião da turma de 1984″, “ravéio”. Esses foram alguns dos apelidinhos que circularam na noitada de sexta (09) que só terminou na manhã do sábado na Skol Beats Factory, em São Paulo. O motivo que levou tantas criaturas da noite a se reunirem numa espécie de missa eletrônica era um só: Giorgio Moroder, o bigodón mais poderoso da música pop, o cara que botou Donna Summer nos cases dos DJs de todo o planeta, o produtor que todo mundo ouviu mesmo sem saber em trilhas de filmes como Flashdance (só pra citar o meu preferido), estava entre nós.
Precisa dizer que a expectativa era imensa? Sobretudo porque a festa era fechada, então estar ali virou uma espécie de cruzada para conseguir o nome na lista (dez leitores ixpertos deste blog descolaram suas entradas numa promo aqui mesmo).
Quem deu uma pesquisada mínima nos sets que este senhor charmoso tem tocado mundo afora já meio sabia o que estava por vir. Vamos dizer assim, seu set, em si, ajudou a entender a essência de suas produções e, consequentemente, de seu sucesso nababesco.
Moroder tem a manha de escolher os timbres que fazem os pelinhos na sua nuca levantar instantaneamente. Ele toca a alma de todo e qualquer ser humano, por debaixo da carapaça. Ele sabe que, dentro de cada um de nós, lá no fundo do hipotálamo, habita uma quedinha por sons… digamos… xumbregas.
Sim, a cafonice faz parte da gente e não venha você achar que é um privilegiado com gosto apuradíssimo, porque lá no fundo você há de confessar que já se emocionou ouvindo Take My Breath Away, enquanto Tom Cruise, de jaqueta de couro, dava uns catos naquela loira.
Foi o vendo tocar ali, da pista, a apenas alguns passos dele, que percebi o truque de mágica que ele faz. Suas melodias são feitas para agradar às multidões, pra tocar no rádio, pra curtir no sofá comendo pipoca. São feitas pra nocautear a nós humanos da forma mais genérica possível. Ele faz música para todos, sem distinção de tribos, sexo, idade, e isso é o que o torna tão genial.
O que ele faz enquanto DJ é colar um monte de músicas do seu extenso portfólio de produções – a maior parte das vezes em remixes que não fariam feio numa festa do peão – com uma ou outra música pop do momento. Ele não é um super DJ e com certeza não está nem um tiquinho preocupado com isso. Afinal, o trampo dele ele já fez, e fez bem pra cacete.
A partir desse pressuposto, ele tem carta branca pra tocar as coisas mais improváveis que já ouvi numa pista de dança, como a música-tema de Never Ending Story (tem mais brega?) e Take My Breath Away (sim, aquela do Tom Cruise) num remix desses bem bate-cabelo. A rainha Donna Summer surgiu em vários momentos, num edit-boate-gay de Heaven Knows e, claro, em I Feel Love e Hot Stuff.
Moroder mostrou pra nós, a elite clubber da sociedade, com quantos timbres cafonas se desconstrói um carão moderno. E quer saber? Foi lindo demais.
Fonte:Todo Dj já Sambou
Alice in Chains enfileira hits cheios de distorção em São Paulo
O Alice in Chains precisou recomeçar após a morte de Layne Staley, excelente vocalista da banda de Seattle, morto por overdose em 2002. O competente Willian DuVall assumiu os vocais e o grupo seguiu em frente. O que se viu na noite desta quinta-feira, 26, no Espaço das Américas, em São Paulo, foi um Alice in Chains que sabe olhar para os dois lados: passado e futuro caminham de mãos dadas nesta nova fase do grupo.
“Foi como perder um irmão”, diz Mike Inez, do Alice in Chains, sobre a morte de Layne Staley..
Substituir Staley, é claro, não é uma tarefa fácil, mas como a banda mostrou em 2011, no festival SWU, e na última quinta-feira, 18, durante o Rock in Rio, o caminho percorrido por DuVall honra o que já foi feito, sem cair na armadilha de transformar o Alice in Chains em um cover de si mesmo.
Muito disso se deve ao poder do carisma de Jerry Cantrell no palco. Ele, ao lado do baterista Sean Kinney, é membro fundador da banda fundamental para a explosão do grunge na década de 90. E o Alice in Chains sobreviveu (e ainda sobrevive) graças ao peso da guitarra de Cantrell, psicodélica, viajante e entorpecida de distorção.
Quase como um mimo aos fãs, o grupo deu início ao show, pontualmente às 21h30, com dupla que abre o disco Dirt, lançado em 1992. “Them Bones” e “Dam That River” mostraram ao Espaço das Américas o peso da banda ao vivo.
Foi com a ajuda de Cantrell, na segunda voz, que o frontman se soltou – e também porque as duas canções seguintes foram criadas quando ele estava na banda. “Hollow”, do disco The Devil Put Dinosaurs Here , lançado recentemente, é poderosa ao vivo, com frases arrastadas no refrão, perfuradas pela pontual guitarra do líder da banda. “Check My Brain”, sacada do álbum que marcou o retorno da banda, Black Gives Way to Blue (2009), apresentou figuras hipnotizantes no telão do fundo do palco, auxiliando a fortalecer o transe.
Rock in Rio 2013: os melhores momentos dos sete dias de festival. Entre eles, o show do Alice in Chains.
“E aí, galera?”, perguntou o vocalista ao público, em um simpático português. DuVall pode não ter a rouquidão visceral de Staley, mas acerta ao não se esconder diante da memória do antigo dono do microfone do Alice in Chains e circula por todo o palco, pede por coro da plateia e comanda o show com uma performance entusiasmada.
“Man in the Box” veio logo na primeira metade da apresentação, sob comoção do público. Foi esta a música responsável por fazer do Alice in Chains o grupo que é hoje em dia. Ela emula, na essência, tudo aquilo que a banda possui de melhor – e isso inclui as performances também arrojadas de Mike Inez, substituto do baixista Mike Starr, que deixou ao grupo em 1993, e do baterista Sean Kinney.
Kinney, aliás, merece destaque no som que o Alice in Chais produz sobre o palco. Ele martela bumbo, tambores e pratos com a força de operário de construção civil, construindo a cadência característica da banda com maestria e dinamismo. O hit “No Excuses”, é um exemplo disso.
“Your Decision”, balada de Black Gives Way to Blue (2009), é cantada por Cantrell, e diminuiu mais as batidas por minuto da banda, seguida por Last of my Kind, do mesmo álbum, e “Stone”, pinçada do trabalho mais recente. “Vocês são sempre ótimos”, disse o guitarrista, em inglês.
A banda deixou o palco com “Nutshell”, na qual DuVall se arriscou no violão, enquanto duas camisetas da seleção brasileira de futebol eram colocadas nas laterais do palco. Uma trazia o número 2 nas costas, com o nome de Layne, e outra, uma camiseta de número 9, trazia “Staley”. Após o mise-en-scène de sair e voltar ao palco, o grupo atacou com “Would?” e “Rooster”. O show acabou em uma hora e meia: direto, rápido e recheado de hits. Honroso, sim, mas consciente de que o futuro da banda ainda está aberto. O Alice in Chains deixou o palco depois de puxar gritos de “olê, olê, olê”. DuVall, Cantrell, Kinney e Inez agradecem mais uma vez e foram embora. As camisetas com o nome do antigo vocalista, contudo, ficam ali, iluminadas por um jato de luz. Como um altar com objetivo duplo: lembrar a banda como era e fazê-la seguir adiante.
Fonte:Rolling Stone Brasil
Pela primeira vez na América do Sul, Alicia Keys distribui sorrisos e hits em São Paulo
“É um sonho que se realiza”. A frase foi repetida por Alicia Keys em referência à inédita passagem pela América do Sul. Nesta quinta, 12, diante de bom público no Espaço das Américas, em São Paulo, a cantora relembrou diferentes fases de sua carreira e cumpriu a meta de recuperar o tempo perdido.
Com meia-hora de atraso, ela apareceu na parte de cima do palco com a introdução de “Empire State of Mind”, mas iniciou apresentação com hits que já completam uma década. “Karma” e “You Don’t Know My Name” mostraram uma artista à vontade com seu passado – na segunda inclusive ela aproveitou para fazer uma cena com dos quatro bailarinos e dar uma pequena sequência ao clipe de dez anos atrás. Desenvolta, não economizou sorrisos no palco e parecia realmente satisfeita em estar pela primeira vez diante dos brasileiros.
O show teve sequência com faixas de seu mais novo álbum, Girl on Fire, lançado no ano passado. Com “Tears Always Win” e “Listen to Your Heart”, Alicia Keys percorreu o palco e mostrou porque é uma estrela – dançou, interagiu com a plateia e, acima de tudo, explorou sua voz com segurança e precisão. Se muitas das movimentações em cena pareciam calculadas, como esperado, a cantora ousou alguns improvisos com a voz quando sentiu-se à vontade.
As primeiras canções foram muito aplaudidas pelo público, e embora a disposição da pista fosse com assentos, na maior parte do tempo os fãs preferiram ficar em pé. As cadeiras, contudo, eram mais convidativas quando Alicia Keys mostrava seu lado introspectivo junto ao piano, e uma câmera fazia questão de exibir os movimentos do dedo da cantora nas teclas como que para provar que de fato era ela quem estava tocando. Músicas como “Diary” e “Try Sleeping With a Broken Heart” escancaram a concentração da estrela diante do desafio de percorrer caminhos mais intimistas.
Foi antes de “If I Ain’t Got You” que ela declarou-se realizada com a apresentação em São Paulo, mas antes mesmo já parecia ter conquistado o público com um carisma notável e simpatia exemplar, tendo inclusive recebido com muito esmero presentes entregues por fãs. O repertório recheado de sucessos de épocas diversas também favoreceu o extasiado clima. O conceito do disco mais recente deu as caras apenas momentos antes do bis, com “New Day” e “Girl on Fire”.
Antes ela mostrou hits de outros tempos como “Fallin” e “No One”. Por mais de uma vez artista e plateia entraram em acordo para chegarem a um clímax que se repetia agradavelmente. A canção final, contudo, parece insuperável. “Empire State of Mind” é um hit de acerto raro e uma dessas obras primas do pop. A introdução com versos de Frank Sinatra deixaram claro a reverência a Nova York para os desavisados, e Jay Z soou nas caixas para abrir a faixa lançada em 2009. Alicia Keys entregou-se então ao belo refrão que encerrou a apresentação depois de cerca de 1h30. E se a cantora ficou tão satisfeita ao desembarcar em terras sul-americanas, ela agora tem certeza de que pode voltar – o público fez questão de mostrar o quanto ela é bem-vinda.
Alicia Keys volta a se apresentar em São Paulo nesta sexta, 13, e é uma das atrações do domingo, 15, no Rock in Rio.
Fonte:Rolling Stone Brasil

