Um papo de pipa com Bino e seu novo vídeo, ‘Bagunça’

O Bino lançou nesta semana o clipe “Bagunça”, uma música que fala basicamente sobre como o moleque deu trabalho para sua família e conta um pouco dos tempos áureos de nossa juventude: correr atrás de pipa, passar cerol, bater um fliper, ver os caras lavando o carro e escutando uns raps, decorar letras do Racionais sem ter o CD e por aí vai.

Com um espírito totalmente vileiro, de quem subia em laje de creche durante período de aula da molecada para empinar uns peixões, a Soma trocou uma ideia com Bino sobre pipa, fliperama e claro, rap. Leia abaixo a entrevista e ouça o som.

Qual é a dessa linha chilena? Quando eu soltava pipa, cerol bom era com cola de madeira e cheiro de pasta de dente.

Pô irmão, as coisas evoluíram (risos). Hoje já tem a “linha chilena”. A molecada compra e já vem a lata com a linha enrolada e com cortante de ponta a ponta, e é um cerol muito bom… fininho, fininho… (risos). Na minha época também, tinha que moer vidro, derreter cola (uns manos colocavam pasta colorida para depois quando passar na linha ela ficar colorida também), e a linha comprava no carretel e passava uns 20 minutos enrolando na lata quando era de 1.000 jardas (risos). (JOVENS, NÃO USEM CEROL, É PROIBIDO)

Depois do single “Bagunça”, há previsão de algum lançamento, um EP, Mixtape ou outra faixa?

Estou com outras faixas prontas (letra e batidas), só falta ir para o estúdio, mas sem pressa. Tinha ideia de fazer uma mix com os sons que já estão disponíveis, mas acho que vou aguardar para soltar um EP mesmo, só com faixas inéditas, vamos ver o que rola. Novidades virão.

Voltando ao assunto pipa, pra tirar um relo, você ia de peixão? Lembro que descer o retão com ele era demais, se você soubesse passar um cerol, era relo direto.

Então, dependia muito da situação, se pegasse um peixão eu soltava tranquilo, entrava por baixo, peixão pegava muita força era à pampa. Tinha uma técnica para cada situação né? (risos). Dependia de algumas variáveis: tamanho do pipa, a força de acordo com vento forte ou fraco, a situação do cerol fininho ou grosso e os milhares de palpites da molecada em volta (risos).

Bino na Casa de Hip Hop por Débora Diniz

E as tretas de pipas? É foda ver que uma pá de moleque, inclusive a gente, brigava por causa...

de R$ 0,50.

Cara, quando você fica mais velho você pensa assim, mas soltar pipa comprado não era o mesmo tesão que o pipa que você pegou. E outra, era uma puta competição, ser o cara que pegou o boiado: em meio a 30 caras, você era zica (risos). E ainda está no sangue, uns dois anos atrás, em meio ao trânsito, vi um boiado, puxei o freio de mão da Belina laranja 77, saí correndo, subi na casa e peguei, voltei para o carro e a minha mina disse: “VOCÊ É LOUCO?” Foi por instinto! (risos)

Fiquei sabendo que você cola na Batalha do Santa Cruz. Qual a importância dela pra você começar a rimar, soltar som e etc?

Eu já curtia rap, já tinha escrito umas paradas e fazia uns freestyles, mas foi lá onde comecei a me envolver mesmo, poder dizer “eu faço parte do movimento”. Lá conheci muita gente e aprendi muito, e quando comecei lá estava meio devagar, cheguei a rimar quando o público eram apenas os organizadores (Afrika Kids Crew) e mais meia dúzia de gato pingado (risos). Nem por isso foi menos emocionante que rimar para mil pessoas, sempre me deu o mesmo frio na barriga e o mesmo amor pelo rap, e hoje sempre que encosto está bombado. Se chegar atrasado é até difícil ouvir as batalhas (risos). Aí as portas foram se abrindo, conhecendo novos locais, sumindo cada vez mais de casa, minha mãe cansou de perguntar aonde eu ia, e escutar “vou rimar”.

Só pra deixar claro que um dia a gente tem que tirar uma no fliper, cara. Topa?

Orra, fecho facilmente, meu preferido é Street Fighter vs. X-Men, mas também deixo claro que quem perder o contra paga a breja e a ficha (risos)!
Fonte:SOMA



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