Nedu Lopes, direto do Azerbaijão: “Precisamos de novos DJs que entrem com respeito e valorizem a arte da profissão”.

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Hors concours é o termo que se usa para falar de alguém que, por culpa de sua excelência, precisa ficar fora das competições. Hors concours se aplica bem quando falamos do DJ mineiro Nedu Lopes.

Depois de vencer três vezes o campeonato Red Bull The3style no Brasil, ele foi barrado no torneio como competidor e se transformou numa espécie de consultor. Virou jurado e, este ano, foi “técnico” da DJ paulistana Cinara Martins, que está entre os 20 finalistas que disputam o caneco de melhor DJ em etapas eliminatórias que acontecem ao longo desta semana, aqui em Baku, a bela capital do Azerbaijão.

Assim como Cinara, que compete nesta quarta-feira (3), Nedu está em Baku, onde se apresenta, também na quarta. no The Public. Nada mais justo do que falar com o rapaz, sobre esse belo momento da sua carreira. Vamos ao papo.

Todo DJ Já Sambou – Como é ser considerado o DJ número 1 do Brasil?! Como vc se sente?
Nedu Lopes – Listas de “melhores DJs” são sempre polêmicas e controversas, né? Eu já apareci como número 1 em algumas, mas não fiquei nem entre os 100 em outras. Não dá pra levar a sério essas listas. Pra mim o importante é estar entre os DJs que eu considero os melhores. Me sinto feliz de poder tocar frequentemente com vários deles. É uma realização profissional ser respeitado pelos DJs que eu mais respeito.
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Todo DJ Já Sambou – Mesmo com tanta técnica, você treina todos os dias? Quanto tempo?
Nedu Lopes – Eu adoraria treinar todos os dias! Tento praticar 1 hora diariamente, mas muitas vezes não consigo por conta de outros trabalhos. Acabo me dedicando mais mesmo só quando tenho que me preparar para uma competição ou apresentação específica.

Todo DJ Já Sambou – Você está treinando a Cinara para a final do Thre3style, né? Acha que ela tem chance?

Nedu Lopes – Acho sim! No mundial o nível é sempre alto porque todo mundo que chega lá já foi campeão no seu país, então a priori todos têm chance. Mas a Cinara foi a surpresa da competição no Brasil este ano e acho q ela pode surpreender na final. Confio muito no talento dela e tenho certeza de que seremos bem representados!

Todo DJ Já Sambou – O que você daria como conselho pra um DJ em início de carreira?
 
Nedu Lopes – Faça pelo amor à música e à arte da discotecagem. Se for por qualquer outro motivo, desista! Você não vai muito longe. Essa profissão já está cheia de gente tirando onda de DJ e elas atrapalham os verdadeiros profissionais. Não precisamos de mais comédias no mercado. Precisamos de novos DJs que entrem com respeito e valorizem a arte da profissão. Afinal de contas é uma profissão e, como em qualquer outra, você precisa se dedicar muito se quiser ser respeitado e valorizado.
Todo DJ Já Sambou – A famosa pergunta, qual é a diferença entre tocar com Serato e vinil de verdade?
 
Nedu Lopes – Com Serato é muito melhor! Eu amo vinil e minha coleção está guardada com muito carinho, como se fosse um álbum de fotos. Cada disco ali me lembra uma época, uma festa, uma pessoa. Mas tocar com Serato me permite ter a mesma sensação do vinil tradicional somada aos inúmeros recursos do digital. Meus sets hoje são muito mais ricos e dinâmicos do que quando eu tocava com vinil de verdade. Nessa plataforma digital o único limite do DJ é sua própria imaginação.
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Todo DJ Já Sambou – Quais habilidades um DJ top tem que trabalhar hoje em dia?
Nedu Lopes – Acho que a habilidade mais importante continua sendo a de sempre: fazer uma boa leitura da pista. Saber o que tocar (ter repertório, e para isso precisa pesquisar!) e a hora certa de tocar. É importante também ter uma boa técnica, é claro! Não adianta ter um repertório bom e matar a pista a cada virada. Mas, de uma maneira “extracabine”, hoje em dia o DJ tem que trabalhar muitas outras habilidades para se destacar. Precisa ser um pouco seu próprio manager, publicitário, webdesigner, promoter, lobista etc. Enfim, é uma profissão bem dinâmica que exige bastante dedicação!
Todo DJ Já Sambou – Me diz três músicas que você sempre tira da manga quando o público está meio chocho
Nedu Lopes – Bom, isso muda muito de acordo com a pista e com a época. Mas, ultimamente, na maioria das gigs por onde tenho tocado, três músicas que tenho usado como coringas são  Jason Derulo feat. Snoop Dogg, Wiggle, Dawn Penn, You don’t love me (No,no,no) e  RL Grime & What So Not, Tell me.
Todo DJ Já Sambou – O que te fez querer virar DJ?
 
Nedu Lopes – Durante minha infância eu só pensava em jogar bola. Não sabia o que ia ser da minha vida se eu não fosse jogador de futebol. Só aos 14 anos fui começar a ter interesse por música, ouvindo uma rádio que marcou a história da minha geração em Belo Horizonte, a 107 FM. Foi a primeira rádio a ter coragem de tocar house na programação normal. Quando comecei a ouvir esse estilo, foi paixão a primeira vista! (ou a primeira “ouvida”, neste caso). O interesse por essa música me fez querer comprar discos e tocá-los em festas de amigos e parentes. A paixão pela música e pela mixagem foi tão fulminante que aos 15 anos eu já não sabia o que ia ser da minha vida se eu não fosse DJ.
Todo DJ Já Sambou – Quem são seus ídolos dos toca-discos?
 
Nedu Lopes – Tenho vários! Mas vou citar dois gringos que há anos são referência pra mim: o americano Craze e o canadense A-TrakE dois brasileiros que admiro e contribuíram muito para minha evolução técnica desde quando me mudei para São Paulo em 2010: Erick Jay e RM.

 

Fonte:Todo Dj já Sambou

Ouça set histórico de Renato Lopes gravado em 93 no Sra. Krawitz

Renato Lopes, em 1993, aos 30 anos, tocando muito Suggar Daddy, do Secret Knowledge, e Lonely People, do Lil Loouis

Se hoje todo mundo é um pouco DJ no Brasil, o paulista de Registro Renato Lopes tem uma boa parcela de culpa nisso. Ele começou tocando no mítico Madame Satã, em 1986, ao lado de outro mestre, Marquinhos MS, na época fazendo uma mistura de rock inglês e technopop. Antes, porém, foi segundinho (DJ assistente) na Val Shows, casa de travestis no centro de São Paulo.

Depois do Satã, Renato foi pra outro clube que fez história em São Paulo, o Nation, que funcionou numa galeria da rua Augusta entre 1988 e 1992. Foi lá que nasceu o que veio a se chamar cultura clubber, com todos os seus ícones: montação, gírias, as primeiras pastilhas de ecstasy, o culto ao DJ, os flyers. Seu parceiro na empreitada era Mauro Borges.

Daí veio outro capítulo importantíssimo na história da noite de São Paulo e também na carreira de Renato: o clube Sra. Krawitz. Ao lado de Mau Mau, também residente, Renato Lopes aprofundou-se no capítulo música eletrônica, mostrando a um público ávido por novidades difíceis de serem encontradas numa era sem internet novidades trazidas dos EUA e da Inglaterra.

Assim, a galera underground de São Paulo ficou conhecendo house, progressivo, trance, breakbeat, trip hop, um pouco de tudo, como bem define o DJ. “O André Matalon foi um dos grandes fornecedores. Também tinha a loja do Gregão, que era na Vila Mariana. Foi uma fase incrivel, vertiginosamente”, lembra Renato Lopes.
Os sets no Krawitz, que tinha o impagável Nenê como promoter, entraram para a história de quem saía para dançar em São Paulo nos anos 90 buscando boa música, gente interessante e jogação.

Corta para 2013. Eis que o próprio Renato Lopes vem alegrar nossa vida postando um set gravado no Sra. Krawitz, em 1993.

Ei-lo, jovens. Dá um tempo no Harlem Shake para ouvir essa deliciosa preciosidade.

É só clicar

Fonte:Todo Dj já Sambou

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