Biquini Cavadão enfileira hits, espanta medo da chuva e encerra com energia a edição da Rolling Stone Music & Run em Brasília

Bruno Gouveia, vocalista do Biquini Cavadão, cantava “Chove Chuva”, uma regravação de Jorge Ben Jor, como a ocasião pedia. E o público diante do palco montado na arena especialmente preparada para a Rolling Stone Music & Run em Brasília pulava enlouquecido, como se os 5 km ou 10 km percorridos momentos antes não fossem nada. A chuva, que caía obedientemente no Parque da Cidade, naquele momento, coroava com frescor o fim das atividades da estreia da corrida de rua da Rolling Stone Brasil na capital federal do país.

Segunda edição do Rolling Stone Music & Run reúne 6 mil pessoas e celebra 30 anos da Blitz com show exclusivo.

Depois do enorme sucesso do evento realizado nas ruas de São Paulo em 2013 e neste ano, com shows de RPM e Blitz, respectivamente, o evento chegou a Brasília neste sábado, 15, reunindo 4 mil atletas – e amantes de rock and roll, que tiveram direito a apresentações exclusivas das bandas Warriors e Biquini Cavadão.

Playlist para correr: Paulo Ricardo (RPM).

Warriors dá aula de classic rock
Atração das outras duas edições do Rolling Stone Music & Run, a banda Warriors novamente teve a incumbência de “aquecer o público antes do aquecimento”, como brincou o vocalista Leo Belling, no palco, para o público que já havia chegado na Arena Rolling Stone, referindo-se ao exercício comandado de cima do palco momentos antes dos corredores se alinharem no ponto de largada para as corridas de 5 Km e 10 Km.

Relembre como foi a primeira edição do Rolling Stone Music & Run.

Com uma formação de três guitarristas no palco, o Warriors traz peso e força aos maiores clássicos do rock, de Beatles a Guns ‘N Roses, revisitando hits que marcaram as rádios ao longo de décadas, dos anos 1960, com “A Hard Day’s Night”, à décadas a frente, com “Sweet Child O’ Mine”.

Playlist para correr: Titi Müller.

O grupo não se furta a escolher apenas um repertório baseado em classic rock, embora quando o faça, escolha músicas certeiras como “Highway to Hell” (AC/DC), “Proud Mary” (Creedence Clearwater Revival) e “Rockin’ in the Free World” (Neil Young). As apostas que se encaixaram em cheio foram hits nacionais como “Que País é Esse?” (Legião Urbana), “Polícia” (Titãs) e “Aluga-se” (Raul Seixas).

Playlist para correr: Bruno Gouveia (Biquini Cavadão).

Biquini Cavadão espanta o medo da chuva e promove celebração
Prestes a completar 30 anos de estrada, o Biquini Cavadão tem hits para enfileirar e bastava apertar o gatilho desta arma semiautomática. No comando dela, Gouveia esbanja simpatia e passos de dança de dar inveja a roqueiros de 20 e poucos anos de idade – e, veja bem, ele completa 47 anos em poucos dias.

Playlist para correr: Tico Santa Cruz (Detonautas).

As idas e vindas da chuva ajudavam a refrescar o público que esperou ( e chamou pela banda) diante do palco, após a corrida. “Tédio”, a primeira música gravada por Gouveia, deu início à viagem no tempo que é uma apresentação do Biquini Cavadão. Originalmente de 1985, a canção causa impacto quase três décadas depois com a temática dos versos cantados por Gouveia, que se mantém atual.

Veja qual foi a sua classificação na Rolling Stone Music & Run de São Paulo.

O discurso do vocalista, ao agradecer por “deixar que nossas músicas façam parte da trilha sonora da vida de vocês”, como disse ele ao público, se prova extremamente verdadeiro quando a banda começa a despejar das melhores canções do repertório. Ao vivo, “Janaína”, “Impossível”, “Vou Te Levar”, “Dani” e “Quanto Tempo Demora Um Mês” se mostraram bem gravadas nas cabeças dos fãs, que se esgoelaram na grade que dividia o palco e público.

Playlist para correr: Rodrigo Rodrigues.

Em questão de interação com a plateia, Gouveia é teatralmente um show à parte. Chamou um garoto para o palco – e o deixou cantar grande parte da letra “No Mundo da Lua”, outra trintona e, visivelmente, mais velha que o próprio fã promovido a cantor.

Playlist para correr: Bruno Sutter.

“Vento Ventania” foi introduzida com uma gracinha por parte de Gouveia: “Vocês já estão molhados, né?” A faixa foi tocada em uma versão estendida na qual o público todo foi chamado para assumir os vocais algumas vezes. Curiosamente, “Timidez” veio antes de “Zé Ninguém”, faixa ao som da qual Gouveia deixou o posto de vocalista por alguns minutos e pulou nos braços dos fãs, recebeu banho de cerveja e decretou o encerramento de uma noite cheia de adrenalina e rock da melhor qualidade.

Veja como foi a primeira edição do Rolling Stone Music & Run, em São Paulo, realizada em 2013:

Fonte:Rolling Stone Brasil

Alice in Chains enfileira hits cheios de distorção em São Paulo

O Alice in Chains precisou recomeçar após a morte de Layne Staley, excelente vocalista da banda de Seattle, morto por overdose em 2002. O competente Willian DuVall assumiu os vocais e o grupo seguiu em frente. O que se viu na noite desta quinta-feira, 26, no Espaço das Américas, em São Paulo, foi um Alice in Chains que sabe olhar para os dois lados: passado e futuro caminham de mãos dadas nesta nova fase do grupo.

“Foi como perder um irmão”, diz Mike Inez, do Alice in Chains, sobre a morte de Layne Staley..

Substituir Staley, é claro, não é uma tarefa fácil, mas como a banda mostrou em 2011, no festival SWU, e na última quinta-feira, 18, durante o Rock in Rio, o caminho percorrido por DuVall honra o que já foi feito, sem cair na armadilha de transformar o Alice in Chains em um cover de si mesmo.

Muito disso se deve ao poder do carisma de Jerry Cantrell no palco. Ele, ao lado do baterista Sean Kinney, é membro fundador da banda fundamental para a explosão do grunge na década de 90. E o Alice in Chains sobreviveu (e ainda sobrevive) graças ao peso da guitarra de Cantrell, psicodélica, viajante e entorpecida de distorção.

Quase como um mimo aos fãs, o grupo deu início ao show, pontualmente às 21h30, com dupla que abre o disco Dirt, lançado em 1992. “Them Bones” e “Dam That River” mostraram ao Espaço das Américas o peso da banda ao vivo.

Foi com a ajuda de Cantrell, na segunda voz, que o frontman se soltou – e também porque as duas canções seguintes foram criadas quando ele estava na banda. “Hollow”, do disco The Devil Put Dinosaurs Here , lançado recentemente, é poderosa ao vivo, com frases arrastadas no refrão, perfuradas pela pontual guitarra do líder da banda. “Check My Brain”, sacada do álbum que marcou o retorno da banda, Black Gives Way to Blue (2009), apresentou figuras hipnotizantes no telão do fundo do palco, auxiliando a fortalecer o transe.

Rock in Rio 2013: os melhores momentos dos sete dias de festival. Entre eles, o show do Alice in Chains.

“E aí, galera?”, perguntou o vocalista ao público, em um simpático português. DuVall pode não ter a rouquidão visceral de Staley, mas acerta ao não se esconder diante da memória do antigo dono do microfone do Alice in Chains e circula por todo o palco, pede por coro da plateia e comanda o show com uma performance entusiasmada.

“Man in the Box” veio logo na primeira metade da apresentação, sob comoção do público. Foi esta a música responsável por fazer do Alice in Chains o grupo que é hoje em dia. Ela emula, na essência, tudo aquilo que a banda possui de melhor – e isso inclui as performances também arrojadas de Mike Inez, substituto do baixista Mike Starr, que deixou ao grupo em 1993, e do baterista Sean Kinney.

Kinney, aliás, merece destaque no som que o Alice in Chais produz sobre o palco. Ele martela bumbo, tambores e pratos com a força de operário de construção civil, construindo a cadência característica da banda com maestria e dinamismo. O hit “No Excuses”, é um exemplo disso.

“Your Decision”, balada de Black Gives Way to Blue (2009), é cantada por Cantrell, e diminuiu mais as batidas por minuto da banda, seguida por Last of my Kind, do mesmo álbum, e “Stone”, pinçada do trabalho mais recente. “Vocês são sempre ótimos”, disse o guitarrista, em inglês.

A banda deixou o palco com “Nutshell”, na qual DuVall se arriscou no violão, enquanto duas camisetas da seleção brasileira de futebol eram colocadas nas laterais do palco. Uma trazia o número 2 nas costas, com o nome de Layne, e outra, uma camiseta de número 9, trazia “Staley”. Após o mise-en-scène de sair e voltar ao palco, o grupo atacou com “Would?” e “Rooster”. O show acabou em uma hora e meia: direto, rápido e recheado de hits. Honroso, sim, mas consciente de que o futuro da banda ainda está aberto. O Alice in Chains deixou o palco depois de puxar gritos de “olê, olê, olê”. DuVall, Cantrell, Kinney e Inez agradecem mais uma vez e foram embora. As camisetas com o nome do antigo vocalista, contudo, ficam ali, iluminadas por um jato de luz. Como um altar com objetivo duplo: lembrar a banda como era e fazê-la seguir adiante.

Fonte:Rolling Stone Brasil

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