Quadrinista paraibano Shiko fala sobre a HQ Lavagem, influências e da presença feminina em suas obras
As 72 páginas em preto e branco da HQ Lavagem (MINO, R) representam mais de um encontro para o seu responsável. S trabalho do paraibano Shiko é ambientado no mesmo sertão no qual o quadrinista nasceu. Autor da graphic novel Piteco – Ingá (2013), da Maurício de Sousa Produções, o artista criou, em sua obra mais recente, um história de terror com traços realistas e sujos que remetem aos temas e estilos do início de sua curso, porquê responsável de fanzines. Lavagem chega às livrarias porquê possante candidata a estar presente em muitas listas de melhores HQs do ano, no final de 2015.
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Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Shiko explicou porquê seu mais novo trabalho marca um retorno às suas origens. “Lavagem tem um sotaque regional muito poderoso. Talvez haja um encontro com um tipo de narrativa e universo mais regionalista. Talvez, em qualquer momento, tenha sido necessário me alongar dessa regionalidade porque se ofídio isso do responsável nordestino, do responsável sertanejo, principalmente. G cobrada uma reportagem daquele universo regional e isso me parecia um limite que eu não queria ter”.
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Com um par anônimo porquê protagonista, a obra mostra a rotina oprimida de uma mulher analfabeta e religiosa envolvida em um caso extraconjugal e o convívio dela com um marido de poucas palavras, que passa a maior secção do tempo na companhia de seus porcos. Esse cotidiano é comovido com a chegada de um misterioso varão de terno pregando a termo de Deus. A HQ é inspirada em um curta-metragem homônimo dirigido por Shiko e lançado em 2011.
“Nas minhas primeiras edições de fanzine, já tinham histórias de terror, que é uma leitura do meu interesse desde sempre”, conta o responsável. Segundo ele, apesar do mesmo título e da trama semelhante à do curta, o trabalho exigiu desafios inesperados: “Foi um quadrinho difícil. De vez em quando eu tinha que parar e deixar passar uns dois dias sem fazer zero, pensando porquê eu poderia fazer. Enfim, é gratificante ver o material impresso agora e, no retorno de quem leu, perceber que as sensações que eu queria fomentar funcionaram”.
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Em seguida ao sucesso de Piteco – Ingá, Shiko lançou outros dois trabalhos, ambos com temáticas recorrentes em suas obras. Em Azul Indiferente do Céu (2013), ele retratou a violência urbana em uma trama sobre a caça a dois jornalistas na Colômbia. Já em...
Talvez Seja Mentira (2014), o artista desenhou corpos masculinos e femininos em duas tramas eróticas. Lavagem tem aspectos violentos e eróticos, mas Shiko não vê incerteza em relação ao gênero de sua obra.
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“G um quadrinho de terror. S que descobri que é uma coisa muito difícil de se fazer [risos]. A fruição não é linear porquê no cinema, em que você pode colocar um elemento ali que, de repente, assusta. Talvez funcione muito mais parecido com a literatura. Tudo aquilo que é descrito você cria na sua imaginação. E zero assusta mais do que a própria imaginação. No quadrinho você tem que mostrar o que está acontecendo. Então não tem tanto porquê o cinema, nem tão pouco porquê a literatura. Se eu conseguir tensionar a leitura, acho que cheguei no resultado sumo que poderia”, analisa o responsável.
A protagonista feminina de Lavagem dialoga com outros trabalhos de Shiko e com suas opiniões em relação ao debate crescente sobre o papel das mulheres e a presença de um exposição feminista no mundo do entretenimento: “Não são poucas as meninas questionando diversas coisas. Acho que a gente tem a obrigação de observar, escutar e conversar sobre isso com atenção. Acho que finalmente essa conversa está aí e quem ignorar ficou pra trás”. Para exemplificar sua preocupação, ele cita sua tradução para os personagens de Maurício de Sousa em Piteco – Ingá. “Na versão original do Maurício, o Piteco e a Tuga possuem uma relação muito machistinha. Eu não poderia reproduzir aquilo. Tive de transfigurar, manter a base da personagem e a relação conflituosa que ela tem com esse namorado, mas eu não podia manter essa personagem feminina em um papel de que a única coisa que a move é o libido pelo matrimónio”.
Fonte:Rolling Stone Brasil
