Conheça Juan Wauters, uruguaio que declara paixão à vida simples e ao “clássico” no disco Who Me?
“A taça do mundo é nossa…”, cantarola o músico uruguaio Juan Wauters, se esforçando para resgatar na memória as referências que tem da música brasileira. “Quer saber? Eles [Toquinho e Vinicius de Moraes] foram à Argentina e começaram o show com essa música!”
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Atualmente morador da cosmopolita Nova York, o simpático Juan Wauters lança o segundo álbum da curso, Who Me? – que sai no Brasil pela Balaclava Records –, nesta terça, 12, exalando nostalgia. Mas ele explica melhor: “Gosto do clássico. De coisas que são clássicas, que podem insistir para sempre.”
“Os Beatles são clássicos”, teoriza ele, falando ao telefone de Montreal, no Canadá, onde fez um show surpresa na noite anterior. “Acho que não sou uma pessoa nostálgica por gostar dos Beatles, que aconteceram 50 anos detrás. Gosto deles porque o que eles fizeram vai resistir para sempre, sabe? Não palato de coisas velhas. Gosto de coisas clássicas.”
Wauters, entretanto, admite, citando a mudança da América do Sul para os Estados Unidos: “Mas eu tenho essa sensação nostálgica de ter sido uma pessoa dissemelhante antes. E sinto essa confusão em relação a quem sou eu hoje em dia, porque eu era uma pessoa em uma era, e depois passei a ser outra, em um lugar dissemelhante.”
Esta dualidade é apresentada logo de faceta, nas duas primeiras faixas de Who Me?, “En Mi” e “Todo Terminó”, cantadas em espanhol e inglês, respectivamente. Ao longo do disco, o uruguaio volta a trovar em espanhol (porquê em “Así No Más”), mas prefere manter o inglês quase sempre. “Não penso muito nisso, toco violão o dia todo. Mas esquina a maioria das vezes em inglês porque sou um músico em Nova York e quero que as pessoas entendam o que estou falando.”
Mas ao contrário do que se poderia imaginar, a “confusão” pessoal de Wauters não é a razão para o título do álbum. “Quando estou tocando, todo mundo é igual, e todo mundo demanda a mesma atenção. Estou em cima do palco e as pessoas estão separadas. E porquê se eu dissesse: ‘S que? Vocês estão falando sobre mim?’, ‘Vocês querem que eu cante?’, Sei, lá, é estranho.”
Apesar de difícil de entender, Who Me? ganha mais sentido escoltado por sua revestimento (supra), cuja foto traz o músico em pé, em cima de um carruagem, durante uma tarde ensolarada no Queens, com uma frase que parece perguntar, exatamente: “Quem, eu?”
“Nós estávamos parando o trânsito, sabe?”, conta. “Achei que ia ser lítico, sei lá. Fui lá com um colega, paramos o carruagem e todo mundo ficava:...
‘Ei, o que está acontecendo?’”. “Foi assim, subi em cima do carruagem e tiramos a foto”, acrescenta, com uma pausa. “P por isso que estou desconfortável [na foto]. Todos aqueles carros tentando passar e gritando coisas para mim… as pessoas ficam muito verbais com esse tipo de coisa [risos].”
Ver Wauters tentando parar o trânsito novidade-iorquino só facilita a compreender Who Me?, em que o uruguaio parece querer brecar um mundo cada vez mais efêmero e congestionado de informações requerendo atenção “porquê um bom filme” (“Like a movie that is good, you require my attention”, canta ele de maneira errante em “I’m All Wrong”).
Um atestado de paixão à vida simples, o segundo disco de Juan Wauters traz elementos de Velvet Underground (mormente The Velvet Underground, de 1969, e Loaded, 1970) com passagens que chegam a lembrar dos momentos menos tristes do Eels.
S violão de náilon é o núcleo das canções, que são decoradas ora por piano, ora por bateria e arranjos de cordas, com um insignificante quase sempre presente. Todos os instrumentos foram gravados por Wauters, durante duas semanas, no Future Apple Tree, em Rock Island, Illinois.
“Tudo que eu escrevo vem de experiências da minha vida”, assume o cantor e compositor, confirmando o caráter autobiográfico de sua obra. “Faço música porquê uma maneira de me expressar e eu faço isso todo dia. Então, sim, tudo que eu esquina tem a ver comigo e com meus amigos.”
Wauters se prepara para fazer turnê na América do Norte durante os próximos meses e acena para uma vinda ao Brasil. “Esperamos tocar na América do Sul”, diz, elegendo o mês de agosto porquê o mais viável. “Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, com sorte. E depois Europa.”
Ouça Who Me?, segundo álbum de Juan Wauters.
Fonte:Rolling Stone Brasil

