The Eternals vem ao Brasil pela quinta vez, leia entrevista

Se você já viu um show do Eternals a gente não precisaria insistir muito para você assistir mais um show deles nesta quinta passagem do grupo pelo Brasil – sim, eles adoram o nosso país. Mas se você por acaso marcou muita touca nos últimos anos e perdeu todas as oportunidades de ver o trio de Chicago, vai aqui uma letra importante: vá. Sem desculpa, sem caô.

O grupo toca nesta quinta (29) no SESC Pompeia, em São Paulo – e depois emenda para botar um som no aniversário do Neu Club, às 23h. Aliás, quem chegar na casa noturna com o canhoto do ingresso do show no SESC entra de graça. Na sexta (30) o show é na Audio Rebel, no Rio, e no sábado (1º) é a vez da banda tocar em Niterói, dentro do festival Araribóia Rock.

Aproveitando esta nova turnê brasileira, a Soma mandou algumas perguntas por e-mail para Damon Locks (guitarra e vocais) e Wayne Montana (baixo), fundadores do grupo, falando sobre o último álbum da banda, sobre a suíte criada por Wayne no Brasil e escrita ao lado de Jason Adasiewicz e sobre o novo baterista, Areif-Sless Kitain.

Vocês contaram com um grande número de bateristas diferentes durante a carreira do Eternals. É bom para a música de vocês ter tantas mudanças na parte rítmica do grupo? Isso revigora a música?

Damon . Eu não diria que isso revigora a música, eu diria que nos faz ficarmos sempre espertos. O Eternals está sempre se transformando musicalmente, então não é estranho para nós vermos nossos colaboradores mudarem. Assim como a mudança de bateristas mudou o som do Eternals, a banda seguiu consistente em sua estranha inconsistência.

Wayne . Nós tivemos muitos bateristas diferentes no grupo, e por sorte todos foram ótimos. Ser o baixista e ter que me adaptar a diferentes estilos de bateria é sempre um desafio. Bons músicos sempre sentem a música da sua própria maneira, então demora um pouco para encaixar o groove com pessoas diferentes. Muito da nossa música é baseada no ritmo, então é bom estarmos em sintonia e com o feeling certo. Eu amo o espaço que obtemos nas canções apenas com bateria, baixo e voz. Isso permite que todas os três elementos tenham seu próprio espaço. Sendo um fã de reggae de longa data, para mim parece legal termos sons que são quase como dubs/ versões de canções, mesmo que essas canções tenham outra vida. Parte da nossa música é o contrário de como as coisas são feitas no reggae. No reggae eles começam com a música completa: piano, guitarra, órgão, percussão, vocais, bateria, baixo, e eles retiram o piano, a guitarra e o órgão quando fazem um dub / versão do som. Nós às vezes escrevemos uma música como se ela já fosse um dub.

Seu último disco, Approaching the Energy Field, se baseou muito em samples, especialmente nos loops de bateria. Vocês tentaram estabelecer uma conexão com outros gêneros baseados em samples – como o hip hop e a música eletrônica – no álbum ou tentaram recriar suas próprias estratégias? E como foi migrar o repertório do disco para um novo baterista, como se saiu o Arief?

Damon . Nosso baterista Tim Mulvenna deixou a banda durante a gravação desse disco, então nós tivemos que terminar o disco com os recursos que tínhamos. Eu e Wayne arregaçamos as mangas e começamos a trabalhar. Logo antes de Tim sair, Wayne e eu tínhamos concordado em tocar em uma loja de discos local chamada Recless como um duo. Então escrevemos 7 músicas em um período bem curto de tempo e tocamos elas ao vivo. A resposta foi tão boa que tivemos que gravar essas músicas novas, e boa parte delas foi parar no álbum.

Nós não pensamos muito em gêneros quando estamos trabalhando. Se o hip hop, dancehall ou outros tipos de música eletrônica são uma influência no processo, nós absorvemos elas e criamos algo diferente.

O Arief não teve muito trabalho aprendendo os sons. Nós nos divertimos incorporando as partes dele onde fossem necessárias. Ele é um grande músico, então acertou em cheio.

Wayne . Eu não diria que tentamos estabalecer relações com nenhum tipo de gênero. As músicas que foram criadas a partir de bateria eletrônica ou samples foram escritas como entidades únicas em si mesmas. Nós sempre usamos samples e baterias eletrônicas e loops como um ponto de partida para compormos. O que foi novo para mim e Damon desta vez foi que, no processo de composição de Approaching the Energy Field foi a primeira vez que operamos apenas como um duo.

No passado nós usávamos samples com a ideia de deixar um espaço para a bateria e outros instrumentos. Desta vez nós decidimos criar algumas das faixas do disco completemente com  samples e bateria eletrônica como a base rítmica e adicionamos sintetizadores, baixo, vocais, percussão e guitarra para encorpar o som. Damon e eu achamos muito revigorante trabalhar dessa maneira. Trabalhamos juntos há tanto tempo que temos um profundo conhecimento...

do espaço que a outra pessoa vai ocupar. Nós quase sempre concordamos sobre o que uma música precisa ou não.

Recentemente vocês juntaram um grupo grande para trabalhar com vocês em The Eternal Espiritu Zombi Suite. Como foi trabalhar com tanta gente? Qual é a diferença entre essa obra e o que vocês fazem como um trio? Existe a possibilidade de ouvirmos essa obra no Brasil em breve?

Wayne . É o meu sonho tocar a Espiritu Zombi Suite no Brasil! A música começou no Brasil. Eu tive a ideia da Suite depois de ouvir algumas pessoas passando na rua em São Paulo falando “espiritu zombi” e perguntei ao Guilherme do Hurtmold o que a expressão significava – ele só riu e disse, “não sei, isso é louco”. Eu segui pensando nisso e imaginei a música e o conceito da suíte com essa frase na minha cabeça – eu fiquei cantando e gravando algumas melodias no celular da minha namorada na praia, em Picinguaba. Quando voltamos a Chicago eu passei quatro meses tentando descobrir o que eu tinha cantado no celular e arranjando a maior parte da música no computador.

Adicionei linhas de baixo, acordes e melodias de vibrafone, algumas ideias vocais básicas e a estrutura dos acordes. Depois eu passei um tempo com o grupo, mostrando para eles a música e trabalhando as partes, dando liberdade para que os músicos pudessem fazer o que funcionasse melhor. Eu trabalhei muito com Jason Adasiewicz (vibrafone) nos arranjos e em como os metais funcionariam na música. Jason fez um trabalho fantástico nos arranjos dos metais, é maravilhoso trabalhar com ele. Enquanto isso acontecia, Damon estava trabalhando nas letras e nas melodias vocais, tanto nos solos quanto nas harmonias de background. Depois do núcleo principal da banda (baixo, guitarra, bateria e vibrafone), começamos a convocar o pessoal dos sopros e as cantoras. Todo mundo realmente colocou muito esforço para fazer a música ficar tão boa. Para mim a Espiritu Zombie Suite foi concebida no Brasil e nascida em Chicago, e deveria ser tocada no Brasil o mais breve possível.

Damon . Esperamos levar o Espiritu Zombi Group ao Brasil. Esse seria o lugar natural para tocarmos a suíte, uma vez que as origens estão aí. Trabalhar com um grupo grande foi uma diversão. Foi uma experiência totalmente diferente. Eu tive que trabalhar intensamente com as vocalistas, com ensaios separados só para elas. Jason Adasiewicz fez um trabalho incrível não só nas partes dele, mas nos arranjos dos sopros, que levou as músicas a territórios inesperados. O núcleo – Wayne, Areif, Matt, Jason e eu – trabalhou incansavelmente para criar essas canções. A seção de sopros e as cantoras são maravilhosas e fizeram escolhas musicais incríveis que trouxeram uma nova dimensão às faixas.

Esta é a quinta vez de vocês no Brasil. O que faz vocês virem tanto para cá? Existe algum lugar no país que vocês gostariam de ter visitado mas que ainda não tiveram a oportunidade?

Wayne . Eu sinto que as pessoas no Brasil curtem demais o som do Eternals. Acho que funciona do jeito certo, então quando tocamos aí a energia que recebemos de volta é fantástica. Eu adoraria tocar em Recife e Salvador um dia. A principal razão de voltarmos tanto é que o Fred e a Angela, da Norópolis / Submarine Records, realmente cuidam da gente e têm muita fé na banda.

Damon . Nós temos um nível insano de amor pelo Brasil. Toda viagem para o país me faz mais feliz que a anterior. Eu me sinto sortudo de estar ali e ter conseguido passar por mais lugares que eu esperaria no Brasil, então sempre estou feliz em qualquer cidade que eu esteja, seja Belo Horizonte, Brasília ou Taubaté.

The Eternals no Brasil

São Paulo
The Eternals e Bodes & Elefantes
Onde . SESC Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo – SP
Quando . 29/11 às 21h30
Quanto . R a R
Info . sescsp.org.br

The Eternals

Onde . Audio Rebel – Rua Visconde de Silva, 55 – Botafogo – Rio de Janeiro – RJ
Quando . 30 de novembro às 19h
Quanto . R$ 15
Info . audiorebel.com.br

The Eternals – ArariboiaRock

Onde . Teatro Popular de Niterói – Rua Jornalista Rogério Coelho Neto, s/n – Niterói – RJ
Quando . 1 de dezembro
Quanto . Só colar
Info . festival.arariboiarock.com.br
Fonte:SOMA



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