Exclusivo: Sara Não Tem Nome expressa sua melancolia no clipe de “Solidão”
Por Lucas Borges
A agradável fala ao telefone não bate com o que diz Sara Braga, autodenominada Sara Não Tem Nome, sobre ela mesma. Definição essa resumida em “Solidão”, faixa do primeiro disco da mineira, Ômega III. O clipe da canção estreia nesta quarta-feira, 21, no blog Sobe o Som.
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Tampouco condiz com a sonoridade triste da jovem artista de 22 anos a forma como ela estreou seu álbum: em uma quente noite de setembro no Red Bull Station, capital paulista, colorida por um collant azul e cheia de energia.
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“Hoje em dia não estou tão fechada. Antes chegava a me incomodar pessoas muito felizes, agora até consigo ver algo bom nas coisas. Talvez por estar em um ambiente diferente”, esclarece Sara Não Tem Nome, natural de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. “É uma cidade industrial, tudo meio decadente, não conseguia perceber outras realidades lá. Depois de conhecer outras pessoas as coisas foram se ampliando.”
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Há anos acumulando músicas publicadas no Youtube e no SoundCloud, ela decidiu em 2015 que já havia passado da hora de gravar um álbum. Inscreveu-se em um projeto da Red Bull em São Paulo, onde se juntou aos integrantes da banda BIKE para um registro “bem melancólico e meio minimalista.”
O som lisérgico de 50 anos atrás voltou a fazer cabeças no Brasil e no mundo com bandas como Bike e Tame Impala.
“Esse disco fala bem mais da minha adolescência em Contagem, na época que tinha vários dilemas da cidade. Não tinha investimento para arte, cultura, as pessoas eram muito diferentes de mim. Era uma fase que eu estava muito desiludida das coisas. Vários amigos já não eram mais amigos porque tinham ido para a igreja e não conversavam mais comigo”, define. “Engraçado até lançar ele agora que eu não estou de certa forma vivendo esses dilemas, mas a sociedade está em um momento interessante para absolver essas músicas.”
Assista ao videoclipe de “Solidão”:
O clipe de “Solidão”, Sara explica, tenta exprimir ao máximo as sensações da adolescência. As imagens foram feitas em Paranapiacaba, no limite entre o Planalto Paulista e a Serra do Mar, durante a maioria do tempo um lugar nublado e chuvoso. Excepcionalmente, no dia da gravação fazia sol e o céu estava claríssimo, mas a impressão desejada se faz passar.
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Vídeo e fotografia são parte da criação artística da cantora, formada em artes visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Dos tempos de faculdade em BH vem a curiosa alcunha da mineira, fruto da desilusão com um meio que Sara julgava ser vanguardista e que no final se mostrou mais do mesmo. “Em uma aula uma professora pegou a lista de chamadas e começou a dizer os nomes. Sempre que vinha nome latino, ‘de pobre’, não era nome de artista, tinha que ter algo em alemão, alguma coisa assim”, eis a origem.
Os tempos mudam, mas as situações se repetem e Sara Não Tem Nome segue abraçada à melancolia. “É um tema que me interessa muito. Não sei direito o que está dentro dela, o que é tristeza, o que é uma visão crítica da sociedade, o que já vira depressão. A melancolia é vista de certa forma como uma personalidade e eu me identifico muito com isso.”
Fonte:Rolling Stone Brasil
Exclusivo: Mahmundi exala melancolia em versão minimalista de “Arpoador”; assista
por Lucas Brêda
A cantora Marcela Vale – conhecida artisticamente porquê Mahmundi – consegue esfriar o “sol do Arpoador”, com uma versão melancólica e minimalista da fita “Arpoador”. A performance – registrada pela ONErpm Sessions e lançada com exclusividade no Sobe o Som – traz Mahmundi despindo completamente a melodia, originalmente persente em Setembro (2013), e reduzindo-a a voz, guitarra e teclado.
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S vídeo revela Marcela interpretando a música em frente a um espelho, com destaque para os vocais roucos notáveis da cantora. As imagens são intercaladas com cenas das ruas de Cascadura, na zona setentrião do Rio de Janeiro, revelando a frontaria de casas, o trem em movimento, os fios de eletricidade e o tráfico nas avenidas, tudo sob uma estética obscura e pacata.
Assista aquém.
S Sobe o Som também revela mais um incidente do ONErpm Spotlight, no qual Mahmundi comenta sua produção artística, falando sobre a independência que possui em sua obra. “Meu trabalho sempre foi em prol da música”, diz. “Nunca era sobre mim ou sobre qualquer [outra] coisa”.
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“Essa liberdade de poder ter aproximação e poder conectar as pessoas, para mim, é mais louco do que a liberdade de gerar e produzir”, acrescenta a cantora. “Isso, para mim, é muito mais instigante. Como hoje eu posso fazer um vídeo cá e fazer esse vídeo chegar ao mundo inteiro.”
Ouça e assista à entrevista completa aquém.
Mahmund se apresentará no Museu da Imagem e Som de São Paulo, no próximo dia 14 de agosto. S show, que está marcada para as 21h30, faz secção do projeto Estéreo MIS, que incentiva artistas independentes. Os ingressos serão vendidos neste endereço<.
Fonte:Rolling Stone Brasil
A leve melancolia de Lana Del Rey: cantora aparenta querer livrar-se dos rótulos
As coroas de flores resistiam, dominantes, entre o público de 10 mil pessoas que foi ver Lana Del Rey na noite de segunda, 6, na Cidade do México. Coloridas e lúdicas, elas faziam a cabeça dos fãs, meninos e meninas adolescentes em sua maioria, da cantora norte-americana. Mas na turnê do terceiro disco de estúdio dela, Ultraviolence, Lana Del Rey quer é mostrar que não é mais a mesma.
Como Lana Del Rey, artista transforma músicas famosas em pôsteres de filmes.
A imagem de diva lânguida e deprimida parecia se descolar da artista que surgiu no palco do Auditório Nacional meio sem jeito, alternando olhares ao público e ao chão, como se ainda ficasse surpresa com a quantidade de gente ali para vê-la. Ainda, sim, porque o fenômeno Lana Del Rey explodiu em 2011, com o vídeo do primeiro hit, a baladinha “Video Games”, na internet. O que veio em seguida virou registro histórico: Born To Die, em 2012, foi aclamado pela crítica, vendeu mais de 2,5 milhões de cópias ao redor do mundo e foi adotado pelas tribos alternativas. A imagem midiática da cantora se solidificou com entrevistas em que ela dizia querer estar morta e evocava ídolos como Kurt Cobain, além dos astros Marylin Monroe, James Dean e Elvis Presley. Ela parecia querer juntar-se aos famosos jovens com destinos trágicos. Com a turnê “Paradise”, Lana foi ao Brasil em 2013 para tocar no festival Planeta Terra. Na época, cativou o público com sensualidade, hits e melancolia.
Um ano depois, veio Ultraviolence, o terceiro disco dela, lançado em junho e que segue lentamente o mesmo caminho de sucesso: produzido por Dan Auerbach, do grupo The Black Keys, foi em grande parte gravado ao vivo. De um álbum ao outro, as músicas dela seguiram a linha intensa e irresistível dos amores doídos, do flerte com suicídio e dos males da fama. Visualmente, no entanto, o que se viu foi uma imagem desconexa. Lana Del Rey se esforça para arejar a imagem de diva lânguida, tão imitada pelos seguidores da cantora.
Edição 95 – As constantes mudanças de humor e a inexplicável tristeza de Lana Del Rey.
Blusinha branca justinha, short jeans curtinho (mas sem mostrar o bumbum), sandália de salto preta e brincões de argola. A artista no palco parece querer mostrar-se mais saudável, sem sinal da misteriosa doença que a fez cancelar a turnê que faria pela Europa. Lana gosta de exibir as pernas e os longos cabelos castanhos adornados com uma única flor, também branca, no que parece ser uma sobra pobre e sem valor do figurino inevitável do passado.
Mas Lana não sabe ainda, ou não quer, exorcizar todos os demônios de uma vez. Prova disso é a timidez como se dirige ao centro do palco e parece pedir licença para abrir a noite com “Cruel World”, primeira faixa do novo disco. “You’re So Famous Now”, diz a canção, que parece um lembrete constante para ela mesma e dita o ritmo arrastado que vai embalar os 70 minutos de show.
A presença tímida de palco obriga o público a se contentar com acenos de miss, o único cumprimento da cantora. Entre “Cola” e “Body Electric”, as duas do primeiro álbum, que vêm na sequência, Lana faz um esforço visível e se agacha para aproximar-se de algumas dezenas de fãs, com presentes e fotos para ela autografar. Ela os atende, assina, sai nas fotos, mas logo desiste e se distancia, sorri sem graça, como quem não sabe bem lidar com algo tão comum aos astros do pop.
Crítica: Lana Del Rey – Ultraviolence.
Logo ela, tão badalada entre os moderninhos e tão em alta entre as celebridades. Afinal, Lana cantou no casamento de Kanye West e Kim Kardashian, no Palácio de Versalhes, na França. A música da ocasião, “Young and Beautiful”, aliás, havia sido escrita para o cineasta Baz Luhrmann e a releitura dele para O Grande Gatsby. A segunda aventura dela no cinema veio há pouco, em Malévola. A cantora foi uma escolha pessoal da atriz Angelina Jolie, estrela no filme da Disney, que a chamou para interpretar “Once Upon A Time”, conhecida como o tema da Bela Adormecida.
Mas, nessa noite, precisariam vir “Blue Jeans” e “West Coast”, fortemente acompanhadas em coro pelo público, para Lana soltar um “oh isso é ótimo”. A última, uma balada arrastadinha, foi acompanhada de imagens em preto e branco no telão. O tempo todo, a cantora parece concentrada em acertar tons, em não errar e em mostrar mais uma vez que amadureceu a voz, ainda que isso a torne um tanto blasé. É só com “Born To Die”, que deu nome ao primeiro álbum (lançado com o nome real, Lizzy Grant, e depois com o nome artístico), ela parece, enfim, se soltar.
Charmosa e dedicada, ela arrisca agudos, brinca com o vocal e ri do coro histério de “Lana, Lana”. Diz que está muito orgulhosa da próxima canção e “Ultraviolence” termina com versos recitados pelo público como poesia. E assim veio “Old Money”, um deleite para fãs hipnotizados. Em um momento raro de interação, Lana pergunta: “Vocês ao menos conhecem essa?”. No telão, imagens de pole dance acompanham a resposta, que vem com gritos para a canção “Carmen” – um conto sussurrante sobre uma garota que sofre alucinações e faz referências ao lado ruim da fama. Não houve espaço para críticas abertas, como “Fucked My Way to The Top”, faixa do álbum novo e que, segundo a própria Lana, fala de como ela usou a sexualidade para conseguir sucesso na indústria musical.
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Mas todo esse repertório carregado de melancolia é interpretado com certa distância pela cantora, reticente, que parece já não sentir toda essa dor. A parte final do show chega, enfim, como uma golfada de ar fresco e com mais vigor musical – ainda que seja sob “Summertime Sadness”, que ganhou de vez o “Su-Su-Su- Summer”da versão remixada, que ficou ainda mais famosa, e “Million Dollar Man”, caprichada com uma pegada blueseira. Com uma hora de palco, é momento de, finalmente, um breve saudosismo, com “Video Games”, a mais entoada no Auditório. Lana, ironicamente, erra os tempos, troca as letras, reforça a ideia de que o hit, que quando lançado no YouTube em 2011 teve mais de 25 milhões de visualizações, já não a representa tanto assim.
Com as luzes acesas, Lana fez o esperado desfecho com “National Anthem”, que veio com sabor de festa contida. Igualmente tímida foi a saída da artista do palco, sem ter bis ou emoção. “É indescritível a energia que está no ar aqui”, disse – mas ela mesma parecia um tanto apática com a comoção do público. Uma fã tentou, em vão, lembra-la do poderio depressivo dela, entregando uma coroa de flores cor de rosa para Lana. Mas a cantora a recebeu sem gosto e logo a deixou no chão. Uma metáfora para uma artista em transição, de alegria para dela e, talvez, de tristeza para os fãs.
Por enquanto, no entanto, as mudanças parecem vir sutilmente. Lana anunciou dois shows nos dias 17 e 18 de outubro no cemitério Hollywood Forever, em Los Angeles, EUA. Lana quer se apresentar no local onde Johnny e Dee Dee Ramone estão enterrados. Um alívio aos seguidores da diva.
Fonte:Rolling Stone Brasil