“Toda música criada hoje só é possível por causa da cultura africana”, afirma Keziah Jones
Em algum momento em 1997, o jovem Olufemi Sanyaolu deixou Lagos, na Nigéria, para estudar em um internato na Inglaterra. Ele, então com apenas nove anos de idade, se viu obrigado a deixar o país acompanhado dos irmãos mais velhos para desfrutar de uma educação de qualidade. Algum tempo depois, Olufemi saiu do Reino Unido e começou uma “turnê” por diversos internatos em diversos países na Europa. A vida nômade durou até os 18 anos, quando o jovem percebeu que o futuro dele não envolveria uma formação acadêmica completa. “Eu decidi que viveria de música e foi isso o que eu fiz”, explica Olufemi, que posteriormente assumiu o codinome Keziah Jones.
Apesar da distância física, a cultura africana nunca deixou de influenciar o músico – que é filho do líder de um grande núcleo iorubá em Lagos. “É algo muito importante e muito central em minha vida e na minha visão de mundo”, disse ele à Rolling Stone Brasil por telefone. “O jeito que eu toco a guitarra, por exemplo, é diferente. É rítmico, étnico. Eu a toco como se fosse um instrumento de percussão ou um baixo. Em minhas letras, eu expresso este sentimento de identidade, sabe?”
Os membros da comunidade iorubá, que constituem 21% da população total da Nigéria, são extremamente minuciosos na hora de compor os nomes de batismo das crianças – que terão que viver de acordo com o significado dele. O músico levou isso em consideração na hora de criar o apelido de palco. “Olufemi significa ‘querido dos céus’. Mas “Keziah” eu tirei da Bíblia, do Antigo Testamento. Significa ‘tempero’. É um tempero específico que é extraído de uma árvore. Eu coloquei Jones no final porque acredito que todas as culturas são apenas uma. Todos nós viemos de uma mesma origem – seja você do Brasil, de Angola ou da Europa. É a minha maneira de dizer que eu sou o ‘um homem qualquer’. Keziah Jones é, então, o ‘incomum homem comum’.”
Ao longo da carreira, o “incomum homem comum” desenvolveu um gênero musical próprio, que ele batizou como blufunk. “É uma versão africanizada do jazz, do blues e do funk”, explica. “Para trazer estes ritmos de volta ao que os originou. Quando eu deixei a escola, retornei a Londres e fiquei tocando nas ruas. Descobri uma maneira de acompanhar meu próprio ritmo, já que conseguia tocar baixo e percussão com o violão. Tudo ao mesmo tempo.”
Em 1993, Keziah lançou o disco de estreia dele, Blufunk Is a Fact, que trazia o hit “Rhythm Is Love”. Demorou para que ele desembarcasse no Brasil com o som futurístico na bagagem. Em 2013, Keziah Jones subiu ao palco do festival Back2Black, no Rio de Janeiro. Agora, com o repertório amparado pelas faixas do novo disco Capitain Rugged, o nigeriano retorna ao país para quatro apresentações: nesta terça, 18, ele passa por Porto Alegre. Em seguida, segue para o Rio de Janeiro (19/11), para São Paulo (20/11) e termina a passagem em Belo Horizonte (22/11).
“Música brasileira tem muito rock e funk, além de uma vibe africana”, conta o fã de Tom Zé, Caetano Veloso e Tom Jobim. “Senti que as pessoas entenderam o meu som. Foi uma reação muito positiva. Estou muito feliz por estar voltando porque terei mais tempo para mostrar o meu trabalho. Essencialmente, minha mensagem é que a África é um lugar moderno, quase futurístico. Sei que pode não parecer, mas é um continente muito velho e toda a música que é criada hoje só é possível por causa da cultura africana. O meu trabalho, como alguém que foi educado na Europa e nascido na Nigéria, é viajar pelo mundo e mostrar tudo aquilo que o africano pode ser. Podemos ser modernos e contemporâneo com as nossas músicas e filosofias.”
Fonte:Rolling Stone Brasil
Sharon Jones & The Dap-Kings – Give The People What They Want
O ano de 2014 não poderia começar melhor com a volta da cantora Sharon Jones em novo álbum com sua banda espetacular The Dap-Kings. Depois de passar um ano de 2013 lutando contra o câncer, com cancelamento de turnê e o adiamento do novo disco, 2014 traz uma diva revigorada e animada com a vitória e mais um belíssimo disco com dez novas músicas e mais uma dose do soul-funk retrô que a gente tanto gosta. Agora é torcer pra sua turnê passar pelo Brasil nos próximos meses.. Welcome back, Sharon Jones!
Sharon Jones & The Dap-Kings – Give The People What They Want
01. Retreat!
02. Stranger to My Happiness
03. We Get Along
04. You’ll Be Lonely
05. Now I See
06. Making Up and Breaking Up
07. Get Up and Get Out
08. Long Time, Wrong Time
09. People Don’t Get What They Deserve
10. Slow Down Love
Retreat!
Stranger To My Happiness
Bônus: ‘Ain’t No Chimneys In The Projects’
+info:
http://www.sharonjonesandthedapkings.com
http://daptonerecords.com
Fonte:SÓ PEDRADA MUSICAL
