Grammy 2015: Sam Smith rouba a cena e leva quatro gramofones para casa

A noite deste domingo, 8, será inesquecível para Sam Smith. O jovem artista britânico levou pra casa quatro dos seis gramofones para os quais foi indicado – Gravação do Ano (“Stay With Me”), Música do Ano (“Stay With Me”), Artista Revelação e Melhor Álbum Pop Vocal (In The Lonely Hour). Smith foi o maior destaque na cerimônia da 57ª edição do Grammy, que aconteceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, e premiou os melhores da música.

O britânico foi o primeiro a receber um prêmio no Grammy 2015. Ele saiu vitorioso da categoria Artista Revelação, derrotando os concorrentes Bastille, Iggy Azalea, Brandy Clark e Haim. Smith fez um discurso protocolar e agradeceu aos pais dele pela vitória. O promissor artista também levou o gramofone pelo Melhor Álbum Vocal Pop (In The Lonely Hour). Novamente, foi breve nos agradecimentos.

Ao ser condecorado com a Melhor Música do Ano por “Stay With Me”, Smith, pela primeira vez, se expôs aos presentes em Los Angeles: “Antes de gravar esse disco, eu estava fazendo de tudo pra fazer minha música fosse ouvida. Eu estava perdendo peso e fazendo coisas esquisitas. Apenas quando comecei a ser eu mesmo, as pessoas passaram a ouvir minhas músicas”.


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O ponto alto da noite de Sam Smith, contudo, ainda estava por vir. Ele bateu fortes concorrentes e ficou com o prêmio mais cobiçado da noite: o Grammy por Gravação do Ano. No agradecimento, ele foi sincero. “Nesse momento tão especial da minha vida, eu quero agradecer ao homem que é o responsável por esse disco. Você partiu meu coração e me deu quatro Grammys”, diz isso sorrindo.

Na parte das atrações musicais, a celebração começou com o show de um “novo” AC/DC, que não contou com duas peças importantes na banda: o guitarrista base Malcolm Young e o baterista Phill Rudd. Mesmo assim, o grupo australiano fez uma apresentação segura na abertura da cerimônia

A performance trouxe a recente “Rock or Bust”, lançada no álbum de mesmo nome, que chegou às lojas no fim do ano passado. Após os solos tradicionais e inflamados do guitarrista principal da banda, Angus Young, o grupo puxou a clássica “Highway to Hell”.

Grammy 2015: veja a lista completa dos ganhadores.

Na plateia, o líder do Foo Fighters Dave Grohl vibrou com as canções, o ex-beatle Paul McCartney mostrou estar se divertindo, e até as cantoras pop Katy Perry e Lady Gaga deram suas demonstrações de reverência ao AC/DC.

Digno de uma apresentação honrosa, o ganhador de 21 gramofones, Kanye West subiu ao palco para apresentar uma nova versão de si mesmo. Substituindo performances enérgicas com pulos, gritos e luzes frenéticas, o rapper surgiu sob um feixe de luz branca e interpretou – com efeitos na voz- a sentimental “Only One”. A canção, primeira parceria entre West e Paul McCartney, é uma homenagem do excêntrico cantor à filha, North West, nascida em 2013.


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Depois foi a vez de Madonna levar a estética do recente clipe de “Living for Love” ao palco do Grammy 2015. A cantora apresentou ao vivo o novo single – que estará no próximo álbum dela, Rebel Heart – vestida de preto e branco e rodeada por dançarinos com chifres de touro.

Como é praxe, a Rainha do pop abusou da sensualidade não apenas no figurino, mas também nas danças e expressões faciais. O costume, de maneira impressionante, parece não perder a validade – mesmo com os 56 anos de idade de Madonna.

O clipe de “Living for Love” foi lançado lançado no fim da última semana, no aplicativo de celular Snapchat. A cantora, entretanto, liberou o vídeo na internet pouco depois – assista aqui.

O refrão pegajoso da canção foi instintivamente entoado por diversos artistas na plateia, incluindo uma empolgada Taylor Swift. Em meio a coros entusiasmados, a performance chegou ao fim com uma Madonna sorridente subindo até o teto do teatro pendurada em um cabo.

Ainda anestesiados pelo furação criado pela Rainha do pop, foi a vez do rock receber os poucos holofotes que lhe restaram no Grammy 2015. Batalhando pelo gramofone de Melhor Álbum de Rock, estavam nomes como Ryan Adams, Black Keys, Tom Petty e U2. O vencedor, entretanto, foi Beck, com o disco Morning Phase.


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“Uau! Quero agradecer aos músicos que trabalharam nesse disco comigo”, disse ele, aparentemente tranquilo, ao receber o prêmio. “Isso foi um trabalho em família, eu trabalho com eles há 20 anos. Os agradeço pela paciência”. Antes de encerrar o curto discurso, Beck também agradeceu à gravadora responsável por lançar Morning Phase, a Capitol Records. Nas premiações menores do Grammy, Beck perdeu a disputa pela Melhor Performance de Rock para Jack White (“Lazaretto”) e Melhor Música de Rock para o Paramore ( “Ain’t It Fun”), ambas com a faixa “Blue Moon”.

Surpreendentemente, após a performance cheia de artifícios visuais, danças e hits apelativos no Super Bowl deste ano, Katy Perry focou seu lado mais sério no Grammy 2015. Ela subiu ao palco para cantar a dramática “By The Grace Of God”, logo depois que uma campanha contra a violência doméstica foi divulgada – incluindo um vídeo com um depoimento do presidente norte-americano Barack Obama.


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Inteira de branco e com os cabelos amarrados, Katy cantou com um semblante rígido, em meio a inserções de fumaça e uma grande sombra atrás dela. A performance contrastou com o clima de entusiasmo e felicidade que dominou a premiação.

Apesar de não priorizar os efeitos e hits da cantora, o número destacou a potência vocal de Katy, frequentemente questionada pela falta de precisão durante os shows. Faixa do disco Prism, “By The Grace of God” se encaixou na ocasião por trazer uma letra que fala diretamente sobre superação.

De volta ao palco, Kanye West encontrou Paul McCartney e Rihanna para divulgar a inusitada parceria deles, que resultou na faixa “FourFiveSeconds”. Assim como no videoclipe, no Grammy 2015 os três atuaram lado a lado: Rihanna e West comandando os microfones e McCartney tocando um tímido violão.

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A faixa – que, após um “estranhamento” inicial, parece já ser devidamente reconhecida – ganhou vida pela primeira vez ao vivo. Com um arranjo muito próximo ao de estúdio, Rihanna se destacou com os vocais firmes, mas não sem emoção. Kanye West não deixou a performance cair, fazendo as entradas pontuais, com a contundência que lhe é comum.

Como se quisesse deixar claro o papel de protagonista, McCartney foi pouco ao microfone (em volume extremamente baixo) e somente balançou a cabeça enquanto cuidava do instrumento acústico. Apesar de ser uma faixa pop otimista, “FourFiveSeconds” foge do protocolo do gênero, sem altas batidas, e anima mesmo com uma tímida percussão. Na plateia, Madonna parecia ser a mais animada com a inusitada performance no palco.

Em mais um momento de duetos no Grammy, Lady Gaga e Tony Bennett não poderiam estar mais entrosados no palco. Eles apresentaram a faixa “Cheek To Cheek” – que dá nome ao recente álbum deles – com chamativa elegância, dividindo o palco, sorrisos e vocais em afinação (quase) perfeita.

Gaga, inclusive, parece estar aproveitando o momento mais “clássico” da carreira. Ela permaneceu praticamente parada durante toda a performance, movimentando o braço esquerdo em danças um tanto esquisitas ao lado de Bennett. A estrela pop também fez questão de reverenciar o parceiro duas vezes durante a curta apresentação.

Se a técnica dos dois vocalistas é incontestável, assim também é com os músicos de acompanhamento. A dupla estava ao lado de guitarrista, bateria, piano e violoncelista, tocando com precisão quase matemática, característica do jazz.

Cheek to Cheek – o disco – venceu o Grammy na categoria de Melhor Álbum Pop Vocal Tradicional. Assista à performance de Gaga e Bennett abaixo.

Com a cerimônia do Grammy 2015 entrando na reta final, Shia Labeouf subiu ao palco empunhando um pedaço de papel com uma carta que Sia escreveu para ele. Em tom corajoso, a produtora pede: “Me dê um soco para que eu pare de chorar”. Em seguida, afirma o oposto: “Me dê um soco pra que eu comece a chorar”.

O que segue é mais uma apresentação teatral da artista. Muitos fãs nunca viram o visto o rosto de Sia e, desta vez, não foi diferente. Mas bem que a cantora consegue se livrar dos pedidos com classe: na noite do Grammy 2015, Sia levou Kristen Wiig ao palco para contracenar com a talentosa Maddie Ziegler.

Em cenário que simulava um apartamento desorganizado, Kristen e Maddie travaram uma confusa batalha por espaço e carícias – deixando o espectador confuso sobre o caráter das personagens. Ao fundo, a voz de Sia ditava o ritmo que as dançarinas deveriam obedecer. Sia abandona o equilíbrio, a proposição de uma linguagem quase esquizofrênica consegue atrair o olhar de todos.

Quando o evento caminhava para o fim, Beck levou um dos prêmios mais cobiçados do Grammy com o disco Morning Phase. Após bater Ryan Adams, Black Keys, Tom Petty e U2 e faturar o gramofone de Melhor Álbum de Rock, o músico deixou para traz Beyoncé (com Beyoncé), Ed Sheeran (X), Sam Smith (In The Lonely Hour) e Pharrell Williams (Girl) no prêmio de Álbum do Ano.

“Deveria haver mais pessoas aqui”, disse Beck, rodeado pelos companheiros de banda. “Gravamos esse disco na minha casa. Agradeço às minhas crianças por me permitirem deixá-los acordados até tarde durante as gravações”. Ele concluiu o segundo discurso dizendo: “Obrigado aos produtores e aos fãs que votaram.”

No momento em que recebeu o prêmio, Beck ainda foi “ameaçado” por Kanye West. O rapper fingiu que faria novamente o que fez com Taylor Swift na premiação VMA de 2009, quando tentou “roubar” o prêmio de Melhor Vídeo Feminino da cantora. Tudo não passou de uma brincadeira.

Algum tempo depois de receber o segundo gramofone da noite, Beck foi acompanhado pelo vocalista do Coldplay, Chris Martin, em uma performance serena de “Heart Is a Drum”, uma das faixas do Ábum do Ano no Grammy 2015, Morning Phase. A breve apresentação foi introduzida por Dave Grohl, vocalista e líder do Foo Fighters.

Com os prêmio entregues, chegou o clássico momento de relembrar os músicos que perdemos no ano anterior. Ao som de Joe Cocker, nomes como Jack Bruce, Johnny Winter, Tommy Ramone, Bobby Womack, Robin Williams, Bob Casale e Kim Fowley foram lembrados. Em seguida, vestida de branco, anunciando o papel icônico na indústria pop, Beyoncé apresentou – acompanhada por um coral – “Take My Hand, Precious Lord”, clássica canção gospel.

Seguindo o tom solene do encerramento da noite, a dupla indicada ao Oscar, John Legend e Common, mostraram o motivo pelo qual conquistaram a nomeação. A canção “Glory”, trilha do longa Selma, tomou conta do teatro com uma melodia intensa intercalada com rimas enérgicas. Foi um encerramento justo para uma noite com momentos memoráveis, sobretudo para um jovem cantor britânico.

Veja a lista de ganhadores:

Gravação do Ano
“Stay With Me” – Sam Smith

Música do Ano
“Stay With Me” – Sam Smith

Álbum do Ano
Beck – Morning Phase

Artista Revelação
Sam Smith

Melhor Álbum Country
Platinum – Miranda Lambert

Melhor Performance Pop
Pharrell Williams – “Happy”

Melhor Álbum Pop Vocal
Sam Smith – In The Lonely Hour

Melhor Álbum Rock
Beck – Morning Phase

Melhor Performance R&B
Beyoncé part. Jay Z – “Drunk In Love”

Melhor Duo Pop/ Performance em Grupo
A Great Big World With Christina Aguilera – “Say Something”

Melhor Álbum Tradicional Pop Vocal
Tony Bennett & Lady Gaga – Cheek To Cheek

Melhor Performance Rock
Jack White – Lazaretto

Melhor Performance Metal
Tenacious D – The Last In Line

Melhor Canção Rock
Paramore – “Ain’t It Fun” – Hayley Williams & Taylor York, autores

Melhor Álbum Alternativo Rock
St. Vincent – St. Vincent

Melhor Performance Rap
Kendrick Lamar – “i””

Melhor Colaboração Rap
Eminem part. Rihanna – “The Monster”

Melhor Canção Rap?
Kendrick Lamar – “i” K. Duckworth & C. Smith, autores

Melhor Álbum Rap
Eminem – The Marshall Mathers LP2

Melhor Performance Tradicional R&B
Jesus Children – Robert Glasper Experiment part. Lalah Hathaway & Malcolm-Jamal Warner

Melhor Canção R&B
Beyoncé part. Jay Z – “Drunk In Love” – Shawn Carter, Rasool Diaz, Noel Fisher, Jerome Harmon, Beyoncé Knowles, Timothy Mosely, Andre Eric Proctor & Brian Soko, autores

Melhor Álbum Urbano Contemporâneo
Pharrell Williams – Girl

Melhor Álbum R&B
Toni Braxton & Babyface – Love, Marriage & Divorce

Melhor Álbum Instrumental Contemporâneo
Chris Thile & Edgar Meyer – Bass & Mandolin

Melhor Álbum Eletrônico/Dance
Aphex Twin – Syro

Melhor Gravação Dance
Clean Bandit part. Jess Glynne – “Rather Be”

Melhor Coletânea para Trilha-Sonora
Frozen – Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez, Tom MacDougall & Chris Montan, produtores

Melhor Trilha-Sonora Original
Grande Hotel Budapeste – Alexandre Desplat, compositor

Melhor Canção para Trilha-Sonora
“Let It Go” de Frozen – Kristen Anderson-Lopez & Robert Lopez, autores (Idina Menzel)

Melhor Performance Country
Carrie Underwood – “Something In The Water”

Melhor Duo/Performance Grupo Country
The Band Perry – “Gentle On My Mind”

Melhor Canção Country
“I’m Not Gonna Miss You” – Glen Campbell & Julian Raymond, autores (Glen Campbell)

Melhor Álbum Bluegrass
The Earls Of Leicester – The Earls Of Leicester

Melhor Performance Roots Norte-Americano
Rosanne Cash – “A Feather’s Not A Bird”

Melhor Canção Roots
Rosanne Cash – “A Feather’s Not A Bird”

Melhor Álbum Americana
Rosanne Cash – The River & The Thread

Melhor Álbum Folk
Old Crow Medicine Show – Remedy

Melhor Videoclipe
Pharrell Williams – “Happy”

Melhor Composição Instrumental
John Williams – “The Book Thief”

Melhor Arranjo Instrumental ou A Cappella
Pentatonix – “Daft Punk”

Melhor Arranjo, Instrumental e Vocal
Billy Childs – “New York Tendaberry”

Melhor Pacote de Gravação
Pearl Jam – Lightning Bolt – Jeff Ament, Don Pendleton, Joe Spix & Jerome Turner, diretores de arte

Melhores Notas de um Álbum
Ashley Kahn, John Coltrane – Offering: Live At Temple University

Melhor Engenharia de Som, Não Clássico
Beck – Morning Phase – Tom Elmhirst, David Greenbaum, Florian Lagatta, Cole Marsden Greif-Neill, Robbie Nelson, Darrell Thorp, Cassidy Turbin & Joe Visciano, engenheiros; Bob Ludwig, engenheiros de som

Melhor Álbum Surround Sound
Beyoncé – Beyoncé – Elliot Scheiner, engenheiro de mixagem; Bob Ludwig, engenheiro de mixagem; Beyoncé Knowles, produtora de mixagem

Fonte:Rolling Stone Brasil

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