Gal Costa lança “Quando Você Olha Pra Ela”, melodia que tem letra de Mallu Magalhães

Quando Recanto (2011) chegou às lojas, muitos fãs tradicionalistas de Gal Costa torceram o nariz. Julgaram a obra demasiadamente moderna, quase uma tentativa desesperada de informação com as gerações mais jovens. Com o passar do tempo (e a digestão dos puristas), o disco se tornou um marco na curso da cantora.

Gal Costa e Caetano Veloso retomam em 2011 uma das parcerias mais duradouras, intensas e prolíficas da música brasileira – uma história de paixão nascida nos anos 60 e que gera frutos até hoje.

Quatro anos em seguida a façanha músico de Gal entre timbres sintetizados, bases construídas sobre sons e efeitos minimalistas, a cantora lançará o 36º álbum da curso. Estratosférica, que chega às lojas ainda em maio, tem produção de Moreno Veloso e Kassin. A direção artística fica por conta do jornalista Marcus Preto.

Galeria: a música brasileira contada em documentários.

Nesta segunda-feira, 11, o primeiro single do registro foi divulgado. “Quando Você Olha Pra Ela” é uma constituição da cantora Mallu Magalhães e tem Armando Marçal na percussão, Moreno Veloso no violão, Guilherme Monteiro na guitarra, Kassin no ordinário e nos sintetizadores, Pupillo na bateria e André Lima nos teclados. Com arranjos leves, a filete tem um quê de bossa novidade que faz um contraponto ao versos entoados em tom confessional.

Veja a letra de “Quando Você Olha Pra Ela”:

Quando você olha pra ela
Seu rosto te entrega
Fala mais fino com ela
Já não se pode negar

(Só não se esquece
Que eu também te senhor
Só não se esquece
Que eu também te senhor!)

Não se endurece

Como se faz
Pra ter o teu carinho
Poder lucrar teu pescoço
E ter felicidade?

Não quero mais
Viver assim sozinha
Eu vou fugir de moradia!

Você vai ter saudade
Quando você olha pra ela
Eu viro areia
Curva seu corpo pra ela

Pra mim, serra

(Só não se esquece
Que eu também te senhor
Só não se esquece
Não se endurece
Que eu também te senhor)

Ouça “Quando Você Olha Pra Ela”:

Mais sobre Estratosférica
Em entrevista recente ao site da revista Rolling Stone Brasil, Gal Costa falou de forma sucinta sobre o novo registro. Entre os destaques estão a cantiga “Dez Anjos”, uma parceria entre Milton Nascimento e Criolo, e “Muita Sorte”, do maestro, produtor, arranjador e compositor Lincoln Olivetti, que morreu no último dia 13 de janeiro.

A música “Espelho d’Água”, feita por Marcelo Camelo em colaboração com o irmão dele, Thiago Camelo, entrou no repertório do show homônimo, que Gal Costa apresentou em São Paulo. Saiba porquê foi.

Após Recanto, um disco surpreendente que mostrou uma faceta dissemelhante na sua curso, o que podemos esperar da sonoridade do novo trabalho?
Quem deu o tom da sonoridade foram Moreno Veloso e Kassin, justamente os dois produtores que trabalharam no Recanto. Ainda assim (ou por isso mesmo), a sonoridade não repete a de Recanto. Será um disco mais pop do que o anterior.

Será um álbum somente com canções inéditas ou haverá versões e regravações?
Todas as músicas são inéditas.

Caetano Veloso compôs todas as faixas de Recanto. Ele está novamente envolvido com as letras?
Caetano está presente no disco exclusivamente com uma música, mas ele está sempre presente de uma forma ou de outra na minha curso.

S que podemos esperar do repertório? Haverá surpresas?
Certamente haverá surpresas. São canções compostas mormente pra mim por nomes porquê Criolo, Milton Nascimento e Marcelo Camelo. Mais do que isso não quero manifestar pra não estragar a surpresa.

Haverá participações especiais ou possíveis duetos?
Não.

Além de Kassin e Moreno Veloso, quem mais está envolvido no projeto?
S álbum tem direção artística do jornalista Marcus Preto, o mesmo que dirigiu o show Espelho d’Água.

Veja a tracklist completa do álbum no formato do dedo:

1. “Sem Medo Nem Esperança” (Arthur Nogueira e Antonio Cícero)
2. “Jabitacá” (José Paes Lira, Junio Barreto e Bactéria)
3. “Estratosférica” (Céu, Pupillo e Junio Barreto)
4. “Ecstasy” (João Donato e Thalma de Freitas)
5. “Dez Anjos” (Milton “Bituca” Nascimento e Criolo)
6. “Espelho d’chuva” (Marcelo Camelo e Thiago Camelo)
7. “Quando Você Olha Para Ela” (Mallu Magalhães)
8. “Casca” (Jonas Sá e Alberto Continentino)
9. “Por Baixo” (Tom Zé)
10. “Amor, Se Acalme” (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Cezar Mendes)
11. “Anuviar” (Moreno Veloso e Domenico Lancellotti)
12. “Você Me Deu” (Zeca Veloso e Caetano Veloso)
13. “Vou Buscar Você pra Mim” (Guilherme Arantes)
14. “Átimo de Som” (Arnaldo Antunes e Zé Miguel Wisnik)
15. “Muita Sorte” (Lincoln Olivetti e Rogê)
16. “Ilusão à toa” (Johnny Alf, 1961) – filete-bônus

Fonte:Rolling Stone Brasil

Gal Costa beira perfeição em show intimista “Espelho d’Água”

Quando Recanto (2011) chegou às lojas, muitos fãs tradicionalistas de Gal Costa torceram o nariz. Julgaram a obra demasiadamente moderna, quase uma tentativa desesperada de comunicação com as gerações mais jovens. Com o passar do tempo (e a digestão dos puristas), o disco se tornou um marco na carreira da cantora. Agora, ela volta aos palcos com show que faz um contraponto exato ao que pudemos ver durante as apresentações da turnê “Recanto”.

Sem bateria eletrônica, percussão, naipe de metais, teclados ou efeitos no microfone, o show “Espelho d’Água” tem um único protagonista: a voz plena de Gal Costa. Acompanhada apenas por Guilherme Monteiro e o violão/guitarra dele, a cantora presenteou o público que lotou o teatro do Sesc Pinheiros, na noite desta quinta, 22, em São Paulo, com um belíssimo concerto.

Ao som de “Caras e Bocas”, parceria entre Caetano Veloso e Maria Bethânia, que Gal lançou em 1970 no disco de mesmo nome, a voz da interprete preenche o palco. O cenário é simples: duas caixas de som, um pedestal, uma banco, a cadeira de Monteiro e os instrumentos dele. Nos primeiros instantes, há uma sensação de vazio para aqueles que estão acostumados aos espetáculos lotados de telões e pirotecnias que lotam os palcos e desviam a atenção da plateia do essencial: a música. Em seguida é a vez de “Passarinho” (Tuzé de Abreu), “Minha Voz, Minha Vida” (Caetano Veloso) e “Folhetim” (Chico Buarque).

“Boa noite”, diz Gal após uma efusiva salva de palmas. “O repertório deste show é formado pelas canções mais importantes da minhas carreira e também por aquelas que eu mais gosto de cantar. Quero ressaltar a importância do Guilherme para essa empreitada. Afinal somos só eu e ele aqui”, afirma. “Eu o conheci quando ele substituiu o Pedro [Baby, guitarrista oficial da banda que a acompanha] em uma apresentação da turnê ‘Recanto’. Durante os ensaios, ele fez essa cama que qualquer cantora gosta”, contou, antes de acrescentar: “Foi nessa hora que eu gamei”.

Com interpretações irrepreensíveis, “Vaca Profana” (Caetano Veloso), “Coração Vagabundo” (Chico Buarque), “Negro Amor” (Bob Dylan/ versão: Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti) e “Tigresa” (Caetano Veloso) emocionaram o público e arrancaram lágrimas dos mais sensíveis. Observando o clima de comoção, Gal assumiu o microfone para dar a sentença: “Essas aqui são grandes facadas no peito, não é?”. Grande coadjuvante durante todo o espetáculo, a belíssima iluminação foi um destaque. Cores quentes em momentos íntimos e variações de tons frios nas canções festivas fizeram a plateia, literalmente, sentir na pele as três partes do show.

“Vou cantar uma música que eu gravei no meu disco mais ousado da década 1960”, disse antes de apresentar “Tuareg”, de Jorge Ben Jor. “Eu gosto muito desse álbum [Gal, de 1969]. Gosto ainda mais dessa gravação de ‘Tuareg’, acho que essa versão tem uma força muito grande. Até hoje eu me impressiono com o resultado.” O show seguiu com “Baby” (Caetano Veloso), “Um Favor” (Lupicínio Rodrigues) e “Você Não Entende Nada” (Caetano Veloso).

Em um novo contato com o público, Gal anunciou “Espelho d’Água”, composição de Marcelo Camelo em parceria com o irmão dele, Thiago Camelo, que estará no novo disco de estúdio da cantora, com previsão de lançamento ainda em 2015. “O álbum está sendo mixado pelo Alexandre Kassin e pelo Moreno Veloso lá no Rio de Janeiro”, completou.

No repertório escolhido por Gal Costa e pelo jornalista Marcus Preto, também estavam “Meu Bem, Meu Mal” (Caetano Veloso), “Força Estranha” (Caetano Veloso) e “Modinha Para Gabriela” (Dorival Caymmi). O ápice, contudo, ficou por conta de “Meu Nome é Gal” (Erasmo/Roberto Carlos), em que Gal conversa com a guitarra de Monteiro, trava uma batalha desleal contra o concorrente e sai vitoriosa.

Aos 69 anos de idade, a voz da cantora baiana pode não ser a mesma dos tempos áureos. Mas ganha em sabedoria e em maturidade, qualidades que pouquíssimos músicos têm no Brasil atualmente. No palco, ela é uma entidade. Cultuada por fãs das mais variadas idades. Sem medo de arriscar e com bônus infinitos para errar. Gal Costa é o reflexo da plenitude.

Setlist completo
“Caras e Bocas”
“Passarinho”
“Minha Voz, Minha Vida”
“Folhetim”
“Vaca Profana”
“Volta”
“Sua Estupidez”
“Coração Vagabundo”
“Negro Amor”
“Tigresa”
“Baby”
“Dom de Iludir”
“Um Favor”
“Solitude”
“Espelho d’Água”
“Tuareg”
“Você Não Entende Nada”
“Meu Nome é Gal”
“Meu Bem, Meu Mal”
“Força Estranha”
“Modinha Para Gabriela”

Gal Costa apresenta “Espelho d’Água”
Sexta-feira (23), sábado (24) e domingo (25), às 21h
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros – São Paulo
Ingressos esgotados

Fonte:Rolling Stone Brasil

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