Serenata demoníaca . Baixe o novo disco do Bemônio

Sob a alcunha de Bemônio, o carioca Paulo Caetano lançou dois discos de drone / ambient em 2012, Vulgatam Clementinam e o EP Ascoltare Durante Il Pranzo Dopo La Noia. Mas isso não era o suficiente, nesta quinta-feira (28), o músico lançou seu novo álbum, Serenata, com seis faixas, todas elas com nomes de demônios (e um anjo), a maior parte delas retirada do Lemegeton ou A Chave Menor de Salomão.
 
Por incrível que pareça o projeto está mais orgânico e “musical”. O motivo? A entrada de Gustavo Matos (Dr Picles, Cabaret e Driving Music) na bateria e uma sessão de dois dias num estúdio, gravando tudo sem correção ou edição.
 
A Soma entrevistou o Bemônio por Facebook para falar sobre os demônios de summons do Final Fantasy, a parceria em um projeto que até então era solo e a vontade de criar música incorporando erros e perdas.
 
Baixe o disco via Dissenso Records aqui


 
O primeiro álbum foi todo baseado na religião cristã, nesse eu vejo relação com deuses pagãos. É isso mesmo?
 
Então, na verdade o primeiro álbum (Vulgatam Clementinam) foi algo mais obscuro e denso, meio que um drone e dark ambient gerando uma ambiência de culto e ritual. Resumindo, é algo como se fosse um canto gregoriano pesado e clima podre. Com o EP (Ascoltare Durante Il Pranzo Dopo La Noia) eu procurei uma trilha única, algo mais ambient e que se referisse mais ao tédio e angústia. Com o Serenata a ideia foi buscar no próprio nome a ideia de ser algo ouvido ao vivo, conforme é uma serenata, porém não acústico. Neste caso o Bemônio tem com um novo integrante, Gustavo Matos na bateria. Todo esse álbum foi gravado por nós em um estúdio. Colocamos todos os instrumentos numa única faixa, sem gravá-los separadamente. Com apenas dois ensaios gravamos as músicas, mas essas faixas não foram tocadas várias vezes, pelo contrário, são tocadas uma única vez. Estávamos explorando o improviso e o erro, não tem edição nas músicas, se há uma nota errada, nós deixamos. Isso faz do disco algo como se fosse um show mesmo e principalmente explorando o improviso, sem o medo de errar ou de ficar perfeito, mas de tocar pela primeira vez juntos (nunca tínhamos tocado juntos na vida). O nome das músicas são nomes de demônios: como uma serenata é sempre dedicada a alguém, nós dedicamos às coisas ruins, dando mais um clima doom, drone e noise nas faixas.
 
Mas de onde veio a ideia de pegar o nome desses demônios/anjos? Eu reconheci porque jogava Final Fantasy.
 
Cara foi depois das músicas prontas e gravadas, acho que todas elas apresentam um peso, algo pro doom… E como o nome do álbum traz algo mais ameno… Na verdade foi meio que pra ressaltar a ideia do titulo do álbum, meio que cada faixa fosse uma serenata pra respectiva pessoa. Mas os nomes não são demônios óbvios, assim quem não sabe fica sem saber (risos). Cada faixa é uma serenata a um demônio não popular (risos).
 
Mas aí, você poderia falar um pouco sobre eles (os demônios)? Quando eu era pivete chamava-os de SUMMONS, porque eu invocava no Final Fantasy e fodia com todo mundo!

 
Ah bicho na verdade eu procurei nome de demônios que não fossem populares, ao invés de Belzebu, Satanás, Lúcifer e Pazuzu. Nem sei o significado de cada um (risos)
 
O Ifriti é do fogo… Um deles é tipo o presidente do inferno
 
Opa, irado! Não sou satanista não, é só pela estética (risos).
 
O som mudou um pouco, ficou mais orgânico em alguns momentos, isso se deve a entrada do Gustavo?
 
Sim, antes o Bemônio era algo mais pra ambiência, quase uma trilha sonora pra alguma merda acontecer (risos). Com a bateria teve mais um andamento, uma base, apesar de que tem uma faixa como a “Barbatos”, por exemplo, que é mais solta em alguns momentos.
 
Mas essa mudança era algo estudado já?
 
Não, ele quis entrar. E com isso me forcei a lançar algo novo, sem entrar em embalo de banda tradicional: ensaio, decorar a musica… Porra nenhuma! Improviso, erro sempre e principalmente som sujo. Nada de canal bonitinho, limpinho e separado, tudo gravado junto sem cobrar nada um do outro, “ah você não tocou certo, toca do jeito tal”.  Nada disso. Toca, vamo embora e sem referências.
Fonte:SOMA