Marcelo Jeneci se garante porquê ‘one man show’ ao voltar aos palcos para fazer ‘Solo’ no Rio de Janeiro | Blog do Mauro Ferreira


Sítio: J Club (Rio de Janeiro, RJ)

Data: 16 de setembro de 2021

♪ Músico que se equilibra muito entre os toques da sanfona e dos vários teclados que manuseia com notável destreza, Marcelo Jeneci se tornou espécie de one man show. É nesse formato solitário que o artista vem se apresentando sem filarmónica desde 2016 com show intitulado justamente Solo.

Foi versão atualizada de Solo – turbinada com as músicas do mais recente álbum de inéditas do cantor e compositor, Guaia (2019) – que Jeneci apresentou para as tapume de 30 pessoas que compareceram ao J Club na noite de quinta-feira, 16 de setembro.

Essa apresentação no Rio de Janeiro (RJ), cidade onde reside o artista paulistano, marcou a volta de Jeneci aos palcos com o público presente na plateia. Foi por isso que o cantor falou em “sensação principiante” ao se encaminhar à plateia depois ter desobstruído a apresentação com as músicas O rei do tempo (Marcelo Jeneci, 2016) – elaboração cantada em shows há tapume de cinco anos, mas ainda inédita em disco – e Termo paixão (Marcelo Jeneci e Arnaldo Antunes, 2019).

Esse início de show transcorreu morno. A apresentação começou a fluir muito a partir da terceira das 20 músicas do roteiro, Aí sim (Marcelo Jeneci e Arnaldo Antunes, 2019). Introduzida por beatbox, Aí sim se mostrou aquele tipo de música em que Jeneci sustenta toda a leveza de ser pop sem aderir à banalização desse gênero em tese genérico por homiziar composições de todos os estilos.

Hit do primeiro álbum do artista, Feito pra rematar (2010), Felicidade (Marcelo Jeneci e Chico César, 2010) também se alimentou dessa leveza pop, tendo reaparecido no bis para a alegria do público que já pedia a música.

Marcelo Jeneci toca teclados no palco do J Club, no Rio de Janeiro, em apresentação do show ‘Solo’ — Foto: Mauro Ferreira / G1

De modo universal, Jeneci transitou no show Solo entre a viveza da música nordestina e a introspecção de temas mais densos de letras geralmente confessionais.

Música gravada pelo responsável somente porquê convidado de Elba Ramalho em DVD da cantora paraibana, Cordas, Gonzaga e afins (2015), Gravitacional (Marcelo Jeneci, 2015) introduziu no show essa veia nordestina que pulsa potente na obra do compositor por conta de prosápia familiar.

Ao fazer espécie de aboio na rombo da cantiga, Jeneci evocou o universo da pátria músico nordestina da qual Luiz Gonzaga (1912 – 1989) foi entronizado rei.

Por isso mesmo, foi bonito de se ver o cantor fazer Sarau (Gonzaguinha, 1968), tocando sanfona e teclados enquanto dava voz aos versos apresentados na voz de Gonzagão, saudado números depois em verso de Forrozear (Geraldo Azevedo e Carlos Fernando, 1996).

Sarau foi ponto superior da apresentação que, na sequência, se manteve elevada com a tradução de Salvamento (Marcelo Jeneci, 2019), cantiga autobiográfica do disco Guaia que se afinou com o tom confessional de Saudade do meu pai (Marcelo Jeneci 2019).

Entre uma música e outra desse álbum lançado há dois anos, o artista cantou Pra sonhar (Marcelo Jeneci, 2010), uma das joias de Feito pra rematar, disco de 2010 que projetou o compositor revelado três anos anos com a gravação da balada Querido (2007) pela parceira Vanessa da Mata.

“Foi uma bela chegada”, rememorou Jeneci ao trovar Querido com o reforço do coro do público. Sucedida pela balada A chuva (Marcelo Jeneci, 2021), a cantiga Emergencial (Marcelo Jeneci, Paulo Neves, Mana Bernardes e José Miguel Wisnik, 2019) perdeu no show a aura épica da gravação que abre o álbum Guaia.

Da mesma forma, A vida é bélica (Marcelo Jeneci e Isabel Lenza, 2013) teve diluída secção do poder de sedução sem a moldura roqueira da gravação do segundo álbum do artista, De perdão (2103), tão sensacional quanto...

o predecessor Feito pra rematar.

A partir de Oxente (Marcelo Jeneci e Chico César, 2018), a apresentação ganhou pegada forrozeira. A música Moca com leite de rosas (Marcelo Jeneci, Ortinho e Arnaldo Antunes, 2010) foi servida em clima de arrasta-pé, ao qual se sucedeu abordagem de Tenho sede (Dominguinhos e Anastácia, 1975).

No arremate do show, antes do bis, Jeneci manteve o tom forrozeiro ao apresentar (ótima) música inédita composta em parceria com Márcia Brandão.

Com letra motivacional que propõe o gozo existencial com dança, superação e o toque político de verso que pede “terreno pro MST”, a música novidade encerrou em superior astral a apresentação desse one man show que, munido de relevante obra autoral, se garantiu sozinho em cena.

Marcelo Jeneci canta e toca 20 músicas em apresentação do show ‘Solo’ no J Club — Foto: Mauro Ferreira / G1

♪ Eis o roteiro seguido em 16 de setembro de 2021 por Marcelo Jeneci em apresentação do show Solo no J Club, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):

1. O rei do tempo (Marcelo Jeneci, 2016)

2. Termo paixão (Marcelo Jeneci e Arnaldo Antunes, 2019)

3. Aí sim (Marcelo Jeneci e Arnaldo Antunes, 2019)

4. Gravitacional (Marcelo Jeneci, 2015)

5. Sarau (Gonzaguinha, 1968)

6. Salvamento (Marcelo Jeneci, 2019)

7. Pra sonhar (Marcelo Jeneci, 2010)

8. Saudade do meu pai (Marcelo Jeneci, 2019)

9. Querido (Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata, 2007)

10. Feito pra rematar (Marcelo Jeneci, Paulo Neves e José Miguel Wisnik, 2010)

11. A chuva (Marcelo Jeneci, 2011)

12. Emergencial (Marcelo Jeneci, Paulo Neves, Mana Bernardes e José Miguel Wisnik, 2019)

13. A vida é bélica (Marcelo Jeneci e Isabel Lenza, 2013)

14. Oxente (Marcelo Jeneci e Chico César, 2018)

15. Forrozear (Geraldo Azevedo e Carlos Fernando, 1996)

16. Moca com leite de rosas (Marcelo Jeneci, Ortinho e Arnaldo Antunes, 2010)

17. Tenho sede (Dominguinhos e Anastácia, 1975)

18. Música inédita de Marcelo Jeneci com Márcia Brandão

19. O melhor da vida (Marcelo Jeneci e Luiz Tatit, 2013)

20. Felicidade (Marcelo Jeneci e Chico César, 2010)



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