Fosse, Verdon e sua história na TV | João Sumo


É provável que Bob Fosse não tivesse sido personagem tão multíplice quanto o vivido por Sam Rockwell na série que chega ao término na Fox Premium. E é provável que Gwen Verdon, representada por Michelle Williams, fosse mesmo a responsável pela força dos dois, quando casados, ela porquê dançarina e ele porquê coreógrafo, ou já separados, quando a Gwen se transformou na melhor amiga para toda a vida.

Esta é a visão romântica que “Fosse/Verdon” passa em seus oito capítulos, série de sucesso muito menor cá do que nos Estados Unidos. Nem podia ser dissemelhante, já que tanto Bob Fosse (1927-1987) porquê Gwen Verdon (1925-2000) eram celebridades lá e não cá.

Dele ainda podemos lembrar porquê diretor de filmes porquê o premiadíssimo “Cabaret” (1972) e o autobiográfico “O show deve continuar” (1979). Dela, quantos de nós sabemos que foi a mais rútilo dançarina dos palcos da Broadway, com esporádicas mas bem-sucedidas passagens por Hollywood?

A vida de Fosse foi mesmo complicada: enorme talento, perfeccionista obsessivo, drogas, coração fraco, um modo estranho de pensar na morte e uma atração incontrolável por suas dançarinas. Com três delas (Mary Ann Niles, Joan McCracken e Gwen) ele se casou. Com várias outras, teve casos de curta duração e muitas dores de cabeça.

Sua relação com Gwen Verdon é descrita porquê “meio mágica” por várias testemunhas ouvidas pelo biógrafo Kevin Boyd Grubb, responsável do livro “Razzle Dazzle – The life and work of Bob Fosse”: quando trabalhavam juntos, mesmo divorciados, integravam-se intelectual, músico e sensualmente, porquê se nunca tivessem se separado. Ou porquê se ele já não estivesse envolvido com uma bela atriz, Jessica Lange, ou com outra dançarina. Por exemplo, a Donna McKechnie.

A série não chega a tanto, preferindo ressaltar os problemas de Bob e a tolerância de Gwen. Talvez esteja certa. Entre os 16 produtores que se uniram para descrever a história, está, além dos dois atores principais, Nicole Fosse, filha única de Bob e Gwen, também dançarina, hoje com 56 anos. Ela foi uma das consultoras dos roteiristas e pode lhes ter indigitado alguns caminhos (um quarto produtor, um nova-iorquino de origem porto-riquenha, Lin-Manuel Miranda, é outro...

do qual pouco se ouviu falar no Brasil, mas, responsável, compositor e letrista de musicais porquê “In the Heights” e “Hamilton”, é um dos mais notáveis nomes da novidade geração da Broadway).

Em “Fosse/Verdon”, que ainda está para trespassar em DVD, há cenas interessanes por recriarem o estilo coreográfico consagrado por Bob Fosse em musicais porquê “Sweet Charity”, “Chicago”, “How to succeed in busines withou really trying” e “Cabaret”, todos já convertidos em filmes.

O estilo, de mãos em ângulo reto, joelhos unidos e pés afastados, movimentos aparentemente quebrados, tortos, mas harmoniosos, é inconfundível. O uso do chapéu, tão macróbio, mas renovado, é outra de suas marcas. A elegância, a sensualidade, em tons diferentes dos que Fred Astaire, Gene Kelly, Jeromes Robbins e incontáveis dançarino negros haviam criado, contribuíram para que a dança americana seguisse cumprindo seu papel de versão mais moderna e proveniente do balé clássico.

Para quem gosta de prêmios, duas informações: Gwen Verdon ganhou quatro Tonys, o Oscar do teatro, e foi indiada para dois outros – e Bob Fosse detém impressionante recorde com o coreógrafo-diretor: é o único nome da história do show business a invadir, no mesmo ano (1972), o Tony por “Pippin”, o Emmy pelo peculiar de TV “Liza witha a Z” e o Oscar por “Cabaret”.

Voltando a série, ela só não pôde trazer de volta a arte e a classe de Gwen Verdon. Ninguém poderia fazê-lo em seu lugar, principalmente Michelle Williams, boa atriz (Prêmio Tony por seu trabalho), mas dançarina de mentirinha.



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