Especialista enumera referências africanas na tendência carioca

Uma imagem da filha publicada em uma revista fez a rabi em Moda, Cultura e Artes Paula Acioli ter um insight revelador a reverência dos costumes da vestimenta da mulher carioca no século XXI. Passados quase 150 anos do término de uma mancha da história brasileira, a escravidão, é provável notar que a influência cultural dos povos africanos trazidos forçosamente para essa secção da América segue muito viva.

Em colaboração com a Alife., Puma lança coleção inspirada nas ruas de Nova York.

“Minha filha foi fotografada para o editorial de tendência de uma revista pátrio. Assim que a publicação chegou às bancas, comprei um réplica para ver o resultado. Lá estava ela, cabelos longos, loiríssimos, e faceta de gringa, mas vestida porquê a típica carioca que é: shorts jeans, canga amarrada na cintura, lenço recluso no pescoço e nas costas, porquê frente única, sandálias Havaianas e incontável número de cordinhas e pulseiras nos pulsos”, relata Paula, que também é coordenadora do curso de Gestão de Negócios em Moda da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Adidas lança risco de tênis em homenagem a pioneiros do skate.

A perito conta que se lembrou de ter visto alguma coisa semelhante àquela imagem anteriormente em qualquer dos livros lidos por ela para uma tese de mestrado sobre a tendência carioca, tese que será publicada em breve. Folheando uma das obras de Johann Moritz Rugendas, pintor teuto que integrou uma das várias missões artísticas que registraram hábitos e costumes no Brasil do século XIX, ela percebeu.

Tyler, The Creator se apropria de símbolo nazista para discutir homofobia em camiseta.

“Havia encontrado a tal imagem que tinha cismado já ter visto antes e que tanto se parecia com a foto na revista. Fiquei surpresa ao constatar que não exclusivamente a pose descontraída de minha filha, mas todas as peças de roupas usadas por ela em pleno século XXI – exceto o shorts jeans – eram exatamente iguais às da escrava retratada na gravura de Rugendas, do século XIX”.

“Estavam no corpo da bela negra africana o tecido atado na cintura, porquê uma canga e um lenço atado no pescoço e no torso, exatamente porquê o lenço que minha filha transformara em frente única. No pulso da escrava, porquê no da minha filha, muitas pulseiras e cordinhas. Sinais de vaidade da mulher carioca de hoje, que já eram marca registrada da mulher, sobretudo a negra, no Rio de Janeiro de séculos detrás”.

Os estudos na dimensão e uma viagem recente à África reforçaram em Paula a noção de que as referências africanas de indumentária se arraigaram ao longo dos anos no Brasil, a despeito do preconceito e de todas as dificuldades impostas aos escravos e aos seus descendentes. Não só na tendência, mas também na música, na gastronomia e no estilo de vida.

Fonte:Rolling Stone Brasil