David Coverdale lembra voo bêbado com Freddie Mercury e jingle de cigarro no 1º Rock in Rio | Rock in Rio 2019


Se a voz de David Coverdale estiver tão boa quanto sua memória, espere um grande show do Whitesnake no Rock in Rio 2019 (e em outras cidades).

O músico inglês que completa 68 anos no domingo (22), ainda se recorda com carinho e detalhes a primeira vez, em 1985.

Em entrevista por telefone ao G1, o cantor que também já passou pelo Deep Purple relembrou:

  • O voo para o Brasil, bebendo na 1ª classe com Freddie Mercury. Os dois chegaram bêbados, mas foram escoltados pela polícia até a imigração, ele lembra.
  • A gravação de um jingle “com uma margem de estúdio ótima ” (o Roupa Novidade), e uma letra que ele fez pensando nos novos fãs brasileiros, mas era para uma marca de cigarro.
  • Festas com músicos gringos e locais. Ele fica surpreso ao saber que fãs de metal vaiaram alguns brasileiros e diz amar músicos daqui uma vez que Caetano e João Gilberto.
  • Ele se recorda de uma “mulher incrível cantando prenhe” (Baby do Brasil) e diz que, neste ano, tomou “vários drinques” em homenagem a João Gilberto ao saber da sua morte.

G1 – Vocês estão na turnê do disco “Flash and blood”. Porquê equilibram as músicas novas com todas as outras antigas que os fãs querem ouvir?

David Coverdale – Os músicos da margem estão muito empolgados com as novas músicas. O negócio é que elas se encaixam muito com as antigas. Tipo “Trouble is your middle name” com “Slow and easy” (1984). Ou “Hey You (You Make Me Rock)” com “Slide it in” (também de 84).

As músicas novas ajudam a dar uma trouxa novidade de robustez nas antigas. Logo dá para lastrar muito e lucrar aplausos tanto dos músicos quanto do público.

A gente abre com duas muito famosas, depois uma novidade, depois uma conhecida, e segue assim… Acho que esse nosso novo é o disco mais muito recebido dos últimos 15 ou 20 anos.

O vocalista David Coverdale durante show do Whitesnake no Citibank Hall, em São Paulo, em 2016 — Foto: Flávio Moraes O vocalista David Coverdale durante show do Whitesnake no Citibank Hall, em São Paulo, em 2016 — Foto: Flávio Moraes

O vocalista David Coverdale durante show do Whitesnake no Citibank Hall, em São Paulo, em 2016 — Foto: Flávio Moraes

G1 – No primeiro Rock in Rio vocês também estavam na turnê de um disco muito muito recebido, que os apresentou ao grande público do Brasil [“Slide it in”].

David Coverdale – É, ali começou um caso de paixão. Aquele disco foi memorável para todos nós. Foi nosso primeiro disco multiplatinado. Levou a gente de teatros para arenas.

G1 – Aquele primeiro dia de Rock in Rio foi a chance de muita gente daqui ter o primeiro contato ao vivo com o heavy metal. Alguns artistas brasileiros foram até vaiados pelos ‘metaleiros’.

“Eu não sabia dessas vaias, e eu sou um grande fã de música brasileira tradicional. Eu tomei vários drinques recentemente depois que soube que o João Gilberto morreu”.

Eu senhor música brasileira. Ela traduz um país muito lindo em termos de espírito.

Eu consegui sentir essa conexão uma vez que Brasil no palco do Rock in Rio em 85. Eu olhava para a plebe espalhada pelo campo enorme balançado os braços uma vez que se fosse uma plantação de milho no vento. Sempre vou velar isso em mim.

Whitesnake no Rock in Rio 1985 — Foto: Reprodução / TV Globo Whitesnake no Rock in Rio 1985 — Foto: Reprodução / TV Globo

Whitesnake no Rock in Rio 1985 — Foto: Reprodução / TV Orbe

G1 – Interessante saber que você bebeu em homenagem ao João Gilberto.

David Coverdale – Sim, eu senhor a música dele. Senhor Caetano Veloso também. Sei que não é hard rock, mas eles se conectam comigo muito profundamente. E de música em português, tem uma margem que eu pequeno muito, de Portugal, Madredeus. É uma vez que blues para mim. É música do povo, o espírito do povo.

Dessa vez eu vou levar minha mulher e meu fruto comigo para o Rio, ele está doido para saber a América do Sul. Ele vai fazer 23 anos e faz segmento do presente de natalício dele.

Mas fico triste de saber que tiveram artistas brasileiros vaiados. Fomos a uma sarau na moradia dos promotores do Rock in Rio, e conhecemos vários artistas, não só os “do oeste”, uma vez que George Benson, James Taylor, Rod Stewart e Ozzy Osbourne, mas também muitos brasileiros.

Fico surpreso e um pouco desapontado. Minha memória é que tocamos no primeiro e no último dia, ficamos aí por 10 dias e foi incrível.

Eu lembro de uma cantora muito talentosa que...

estava prenhe [Baby do Brasil]. É uma das memórias que eu tenho. Mas eu estava muito ocupado no Rio [risos].

G1 – Há relatos na prelo cá de que você era perseguido no hotel por socialites brasileiras.

David Coverdale – Me mantiveram muito ocupado, sendo um mensageiro [risos].

G1 – Tem uma reportagem que diz que você foi praticamente “estuprado”…

David Coverdale – Dá para concordar com isso, ou com o que quer que tenham escrito [risos].

Whitesnake no Rock in Rio 1985 — Foto: Reprodução / TV Globo Whitesnake no Rock in Rio 1985 — Foto: Reprodução / TV Globo

Whitesnake no Rock in Rio 1985 — Foto: Reprodução / TV Orbe

G1 – Uma discussão cá é sobre vestuário de vocês terem entrado no lugar do Def Leppard. Tem gente que diz que foi de última hora mesmo, em seguida o acidente do Rick Allen [o baterista teve um braço amputado]. Outros dizem que não foi tão em cima, e que a margem teria cancelado mesmo sem o acidente. O que você lembra?

David Coverdale – Sim, a gente foi escalado depois de o Def Leppard cancelar por razão deste acidente horroroso. O universo tem esse jeito estranho de funcionar. As duas bandas têm uma grande relação. Conhecia eles muito e ainda conheço. Essa manhã mesmo eu falei uma vez que Joe [Elliot, vocalista do Def Leppard], a gente está combinando de ir para Las Vegas juntos.

Mas foi de última hora mesmo. É que a gente tinha o mesmo empresário [Rod MacSween]. Ainda temos. Acho que o Roberto Medina ligou para o Rod para resolver. E ele falou que tinha outro artista que podia mandar no lugar. E aí ele me ligou e perguntou: “Você quer ir para o Brasil?”

E eu voei para o Brasil com o Freddie Mercury. A gente já se conhecia há muito tempo. Ele estava com o segurança dele e eu com nosso gerente de turnê, e fomos juntos, acho que o voo saía de Frankfurt, na Alemanha. A gente era da mesma gravadora [EMI], gravava no mesmo estúdio [Musicland]. O Fred é um talento imprevisto uma perda trágica.

G1 – Porquê foi a conversa com Fred no avião, vocês falaram sobre o que esperavam do Rio?

David Coverdale – Não a gente só ficou bebendo [risos]. Foi uma viagem muito longa. Eu lembro que a gente estava na primeira classe, acho que da Lufthansa, estava vazio e tinha um serviço de bordo incrível. Quando a gente chegou no Rio o gerente de polícia encontrou o Freddie e eu e nos escoltou para o controle de passaporte.

G1 – Ele conseguiu perceber que vocês beberam na viagem?

David Coverdale – Sim, isso. E aí a gente foi para o hotel em Copacabana. Estava o Queen, o Ozzy, muita gente. Tinha uma varanda e eu encontrava gente por todo lado.

E no dia que eu estava indo embora para Los Angeles, com a Sharon e o Ozzy, eu recebi uma mensagem perguntando se eu poderia gravar uma música para o “Hollywood sucesso” (era para a marca de cigarro Hollywood, que, na era fazia coletâneas chamadas “O sucesso”).

E eu falei: “Sério?”. E aí eu saí mais cedo do hotel e fui gravar com super músicos de estúdio brasileiros (era a margem Roupa Novidade). Eu acho que isso entrou no rádio na TV por um tempo (a música virou jingle da marca).

Mas eu escrevi a letra uma vez que meu sentimento mesmo. “Every time you hear this song, remember me. When I am far away for you, remember me” (Toda vez que você ouvir essa música, lembre-se de mim / Quando eu estiver longe de você, lembre-se de mim). Acharam que era sobre cigarros, mas era uma mensagem para o público daí.

G1 – Outra coisa que as pessoas que estiveram no hotel na era dizem era de que você falava que estava com a gorgomilos ruim, com laringite. Você se lembra?

David Coverdale – Ah, cantores são assim, se você perguntar ele sempre vai expor que está muito insensível, muito calor, muito sedento. A gente devia viajar sempre com um médico.

Mas o que eu me lembro mesmo é que o Brasil foi uma grande sarau. Vou ser honesto. Toda vez que eu vou ao Brasil é próprio, mas agora eu vou levar microfones novos que captam o som em 360°, porque é um dos públicos mais altos da planeta, e quero velar isso para mim.



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