Cisão de Liniker e os Caramelows deve beneficiar mais a cantora do que os músicos da orquestra | Blog do Mauro Ferreira

Por mais que a sonoridade dos Caramelows tenha contribuído para o sucesso de Liniker Barros, quem centralizou as atenções do público nos cinco anos de vida do coletivo paulista – formado em 2015 em Araraquara (SP), cidade do interno de São Paulo – foi muito mais a cantora do que a orquestra formada por Éder Araújo (saxofone), Fernando TRZ (teclados), Marja Lenski (percussão), Péricles Zuanon (bateria), Rafael Barone (plebeu e produção músico), Renata Éssis (backing vocal) e William Zaharanski (guitarra).

É normal no universo pop que cantores catalisem o interesse popular em proporção inalcançável dos músicos – o que nunca significa demérito para ninguém. E Liniker sempre foi muito mais do que uma vocalista na formação dos Caramelows. Ela é uma cantora de personalidade própria.

Em seguida dois álbuns, Remonta (2016) e Goela aquém (2019), que geraram shows apresentados pelos artistas no giro de importantes festivais do Brasil e do mundo, Liniker e os Caramelows se separam e cada um seguirá o próprio caminho artístico. O que não significa que esses caminhos não possam convergir no porvir, ressalta a nota solene sobre a cisão.

Ao exprimir a separação, cantora e orquestra evitam os termos pausa, hiato e recesso – já recorrentes no universo pop. Não prometem retorno. Mas tampouco falam em término em caráter definitivo. Tudo pode suceder.

Pela lei das probabilidades desse universo, Liniker tem em tese muito mais chance de se manter em evidência do qualquer integrante dos Caramelows. Mas isso não impede que qualquer músico ou backing da orquestra construa curso solo que, no porvir, possa ser mais relevante do que a trajetória de Liniker.

Backing vocal da Blitz de 1982 a 1986, ano em que a orquestra se dissolveu, Fernanda Abreu, por exemplo, se tornou mais relevante para a música pop brasileira do que Evandro Mesquita, cantor e frontman da orquestra carioca que voltou à cena nos anos 1990.