Cirque du Soleil estreia ‘Ovo’, espetáculo dirigido por brasileira: ‘Metáfora da vida e da sociedade’ | Pop & Arte


A coreógrafa brasileira Deborah Colker se tornou a primeira mulher a guiar um espetáculo do Cirque du Soleil, em 2009. Com “Ovo”, aproveitou para levar elementos do Brasil ao mundo. Nesta quinta-feira (7), a obra desembarca em sua terra-mãe pela primeira vez em seguida 10 anos de estreia.

“Foi uma luta trazer esse espetáculo para o Brasil. Eu pedia sempre e já não sabia mais o que fazer. Minha mãe tem 84 anos e eu queria que ela visse”, conta Colker em entrevista ao G1.

No país, “Ovo” viajará por dois meses e quatro capitais (Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo) com uma lupa sobre o mundo dos insetos e metáfora da sociedade.

A bailarina e coreógrafa Deborah Colker — Foto: Cia. de Dança Deborah Colker/Divulgação A bailarina e coreógrafa Deborah Colker — Foto: Cia. de Dança Deborah Colker/Divulgação

A bailarina e coreógrafa Deborah Colker — Foto: Cia. de Dança Deborah Colker/Divulgação

O que é que o inseto tem

Colker recebeu o invitação e um pedido de Guy Laliberté, fundador da companhia: faça o que quiser, mas precisa abordar a biodiversidade.

Ela até pensou em coisas grandiosas, porquê a garra dos felinos, a riqueza da Amazônia ou a variedade do mar, mas foi atraída pelo microcosmos dos insetos. “Os insetos têm uma preço absurda no ciclo da natureza, mas são os menores seres vivos. E essa incoerência me atraiu”, comenta. A diretora passou dois meses estudando o tema e dois anos montando o espetáculo.

Seu protagonista é um inseto estrangeiro rejeitado pela sociedade a que chega por ser dissemelhante. E seu espetáculo referto de cores e formas é uma parábola da sociedade – a de 2007, quando escreveu a história, e mais ainda a de 2019. “Representa o rejeitado, migrante, dissemelhante, excluído. Ele vem sendo desrespeitado há nos, precisamos mudar isso.”

“É também sobre o porquê o ser humano vive e se enxerga. Temos uma atitude arrogante perante a nós mesmos e à natureza, mas somos os insetos do espaço sideral. Somos exclusivamente um pontinho na via láctea e ficamos cá discutindo e debatendo cheios de grandiosidade. É tudo questão de relatividade e proporção. O ‘Ovo’ fala disso também.”

É um espetáculo brasiliano?

“Ovo” foi produzido por um time com três brasileiros e dois canadenses. E escrito, dirigido e coreografado por Deborah. Mas a brasilidade entra com sutileza. A linguagem e a estética são brasileiras, com cores vibrantes inspiradas nas florestas e matas do país, e trilha sonora com bossa novidade e samba.

Mas a história é universal: Um inseto estrangeiro chega a uma comunidade com um grande ovo. Rejeitado pelos membros da comunidade, verá seu pertence roubado e terá 24 horas para recuperá-lo, com a ajuda de uma joaninha...

solitária.

E por que toda comunidade quer o ovo, enfim? “É uma metáfora da vida, do ciclo, do esfinge. Que história maluca é essa que estamos vivendo. No termo, é uma história sobre a força do paixão. Um espetáculo humanizado e emocionante”, revela.

Cada espécie de inseto representa uma classe circense. “Os artistas do circo são tão diversos e fascinantes porquê os insetos. Estendem e multiplicam seus corpos em muitas mãos e pernas.”

Trazer o espetáculo para o país é também uma maneira de invocar a atenção para a prática e o incentivo ao circo no Brasil. “É uma das atividades mais democráticas, que nasce na rua, do improviso, e carrega a teoria de se fazer a arte desde seus instrumentos.”

“Ele tem o poder de formar, educar e de tirar o juvenil do tráfico. Alguém que iria morrer aos 20 anos de idade encontra no circo encontrando outros desafios, a subversão da sisudez com trapézios e saltos.”

Espetáculo "Ovo" da companhia canadense Cirque du Soleil — Foto: Cirque du Soleil/Divulgação Espetáculo "Ovo" da companhia canadense Cirque du Soleil — Foto: Cirque du Soleil/Divulgação

Espetáculo “Ovo” da companhia canadense Cirque du Soleil — Foto: Cirque du Soleil/Divulgação

Colker foi a primeira mulher a guiar um espetáculo do Cirque. “Foi muito emocionante e representou uma viradela de chave para a companhia. Agora sei que tem outra mulher, uma inglesa, designada para guiar o próximo espetáculo”, revela. E foi o primeiro espetáculo com título em português, uma luta que travou por alguns meses.

Ela também comemora a escalação dos atores. “Eu gostei muito de quebrar esses protocolos. Nos musicais, a protagonista é sempre a atriz mais linda. Nós escolhemos alguém fora do padrão, que estava há anos esperando um papel de destaque.”

  • Onde: Ginásio Mineirinho
  • Quando: 7 a 17 de março
  • Ingressos: R$130 a R$550
  • Onde: Jeunesse Redondel
  • Quando: 21 a 31 de março
  • Ingressos: R$130 a R$550
  • Onde: Ginásio Nilson Nelson
  • Quando: 5 a 13 de abril
  • Ingressos: R$130 a R$550
  • Onde: Ginásio do Ibirapuera
  • Quando: de 19 de abril a 12 de maio
  • Ingressos: R$130 a R$580



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