Adriana Calcanhotto celebra a complicação de Lupicínio Rodrigues e se prepara para criar inéditas

Ao longo da curso, Adriana Calcanhotto atingiu a proeza de reunir sonoridades diferentes sob o mesmo telhado.
A cantora da voz e violão, de baladas populares, do samba e de criativa produção infantil, lançou-se também porquê tradutor de Lupicínio Rodrigues.

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Loucura foi o nome oferecido ao registro do show único realizado em dezembro de 2014, em Porto Alegre (gravado também em DVD), porquê comemoração do centenário do cantor gaúcho Lupicínio Rodrigues. S projeto celebra a união de Adriana ao conterrâneo poeta. “Eu enxergava outras influências nas coisas que eu fiz, mas não enxergava nele [Lupicínio] tanto assim. S momento em que vou investigar e pensar nisso é o S Micróbio do Samba [disco de 2011]”, conta a artista à Rolling Stone Brasil.

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“G o momento em que eu me deparo com a potência da influência do trabalho do Lupicínio no meu trabalho de elaboração. Com isso pensado, recebi esse invitação para fazer alguma coisa só dele, para homenageá-lo. Eu chamei de Loucura, mas poderia ter chamado de S Micróbio do Lupi”, completa ela, que usou a definição dada pelo próprio Lupicínio – ele dizia ter nascido com o “micróbio do samba”.

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Loucura também é a chance que Adriana encontrou de mostrar ao público muito mais do que “a dor de cotovelo” pela qual ficou espargido o responsável de “Nervos de Aço”, “Esses Moços”, “Felicidade” e “Se Acaso Você Chegasse”. “Cevando o Amargo”, lembra a tradutor, transparece a origem gaúcha do compositor. “Volta” foi gravada em blues, gênero do qual, indiretamente, o sambista acaba se aproximando – “P um varão preto falando de suas tristezas, nesse sentido, tem muito de blues”.

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“S Lupicínio é mais publicado porquê o rosto da ‘dor de cotovelo’ e ponto. Mas não é. Ele é muito mais abrangente e muito mais profundo. Essa coisa da qualidade artesanal da trova dele, dele saber intuitivamente, porque ele não leu Homero, não leu trova. Mas ele sabe exatamente que sílaba vai em que nota, se a nota é maior ou menor na melodia em relação àquele todo da melodia. G muito impressionante”.

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A obra desse monumento da MPB, admite Adriana, deve brotar mais a partir de agora nas apresentações dela, que desde sempre tocou “Nunca”, por exemplo. Loucura, no entanto, nunca mais deverá se repetir. S encontro do espetáculo do DVD já se deu em meio a inúmeros compromissos dos músicos envolvidos, com pouquíssimos ensaios, e uma segunda reunião parece impossível.

Da mesma forma que carrega Lupicínio para o restante da via, Adriana pretende nos próximos meses se purificar a término de encetar a imaginar coisas novas. “Nesse tempo todo eu venho compondo bastante por encomenda. As pessoas pedem canções para os discos, eu paladar de fazer e se a pessoa não usar, está ótimo, porque nasceu uma melodia daquela provocação. Mas você está pensando naquela textura de voz, naquele envolvente artístico, é dissemelhante de criar para um disco novo de inéditas”.

S que virá pela frente nem a cantora sabe manifestar. Até o final do ano, ela ainda tem compromissos do disco de inéditas e de regravações Olhos de Onda e de Partimpim, na semana do Dia das Crianças, com a orquestra da OSESP.

“Para algumas músicas eu tenho uma teoria do que eu quero e tem outras que a teoria ainda é um pouco vaga. Esse processo todo tem muito a ver com a inércia de inaugurar. Aí é que vão saindo, vou fazer coisas que nem estou imaginando. Não sei que rosto vou ter. S que eu preciso agora, na verdade, é de um esvaziamento, tanto do Olhos de Onda porquê do Lupicínio, para zerar e poder criar”.

Fonte:Rolling Stone Brasil