Um reencontro com Etchepare
O artista gaúcho Pablo Etchepare tem uma história antiga com a Soma. A primeira vez em que tropecei em um de seus trabalhos na internet foi em 2009 e o impacto foi imediato. Naquela ocasião eu fazia a seleção de novos artistas para publicar na seção “Entre (Outros)” da décima edição da revista e fui físgado por uma de suas pinturas que retratava com estilo e personalidade uma cena bizarra em que dois rednecks curtiam um descontraído churrasquinho no quintal de membros de corpos humanos.
E aí, Gaúcho, beleza? Faz um tempinho que não nos vemos e não nos falamos…Por onde tem andado e o que tem feito de bom?
Tudo bem meu velho, cara eu estou mudando para um apartamento com um atelier maior, então minhas últimas semanas tem sido em função disso. Vai ser bem legal, vou ter um espaco bacana pra trabalhar. Ano passado passei um tempo na Europa, deu para renovar as inspirações e para aproveitar bastante, fazendo um pouquinho de lição de casa de pintura e arte em geral.
Conta pra gente um pouco sobre os teus trabalhos mais recentes.
O que você diria que mudou/evoluiu no seu trabalho da época da sua primeira exposição individual no Espaço Soma em 2009 pra hoje?
Eu acho que meu trabalho seguiu uma evolução natural, hoje penso em detalhes e cenários mais elaborados, tentando me desafiar mais durante o processo criativo. Mas as pinturas ainda seguem uma linha bastante livre e surreal sem que isso seja de maneira proposital.
Ainda continua obcecado com o acabamento e nos detalhes em suas pinturas? Seu lema ainda é o “Just one fix” (Só mais um retoque)?
Sim, uma hora acaba virando obsessão mesmo, às vezes isso chega a atrapalhar um pouco no tempo gasto produzindo cada obra, mas é assim mesmo, essa pintura abaixo mostra bem isso.
Quanto aos suportes de MDF e madeira, acho que dão um aspecto mais cru...
que contrasta com a minha pintura. Gosto mesmo quando acho uma madeira bem detonada na rua e ela é perfeita para receber a pintura quase que como uma intervenção.
Em relação as esculturas são como se cada uma delas fosse um personagem único, primeiro eu moldo a estrutura e depois a pintura vem da forma como eu visualizo o personagem naquele formato, como se ele aparecesse ali mesmo. Tenho feito alguns ultimamente em 3D com olhos e dentes que podem ser separados e mudados de lugar na própria peça.
Fale um pouco sobre a sua rotina ultimamente.
Normalmente eu tento pintar o máximo possivel. Geralmente de manhã eu tento me informar com referências e novidades, à tarde é o meu horario mais produtivo, nos dias que faço as esculturas eu não trabalho nas telas e vice versa.
Continua dominando os laybacks na Banks? Tem andado bastante de skate?
Pô, eu gosto muito de andar lá sim, fiz a minha segunda individual na Banks em 2011, e foi muito legal, eles tem um acervo de quadros meus, é o meu lugar preferido para andar aqui em Porto Alegre. Mas não tenho andado tanto quanto eu gostaria…
O que tem ouvido enquanto trabalha?
Rock, geralmente coloco um show inteiro pra rolar de algum festival no youtube, algo tipo QOSA geralmente funciona.
Tem alguns nomes novos da cena gaúcha (de arte) que vale a pena a gente ficar de olho?
Pô, não são tão novos mas eu gosto muito do trabalho do Renan Santos e do Maick “Seilá”, ele tá mandando muito bem também.
Fonte:SOMA