Gonzaguinha, morto há 30 anos, segue postumamente na luta por um Brasil melhor | Blog do Mauro Ferreira


MEMÓRIA – Se um acidente de coche não tivesse tirado Luiz Gonzaga do Promanação Júnior (22 de setembro de 1945 – 29 de abril de 1991) de cena há exatos 30 anos, Gonzaguinha – porquê o Brasil conhecia o cantor e compositor carioca – ainda poderia estar por aí, lutando por um país com mais justiça social e com mais vacinas.

Nessa cotidiana guerra política, a arma de Gonzaguinha era a obra músico militante, composta por 294 canções, de concordância com levantamento do Escritório Mediano de Arrecadação de Direitos Autorais, o Ecad.

Revelado em 1968 na era dos festivais, Gonzaguinha nunca fugiu à luta. E pagou preço cimeira por isso. Colecionou inimigos, inclusive na prensa músico, porque nunca fez questão de ser simpático para seguir códigos sociais. Disse e escreveu – nas letras das músicas, quase todas compostas solitariamente, sem parceiros – o que realmente pensou.

Por tal aguda sinceridade e pela força das canções, Gonzaguinha se faz presente na música brasileira 30 anos posteriormente a morte do artista. Discos (porquê o vindouro Afeto e luta, da cantora Bruna Caram), shows teatralizados (porquê o feito por Rogério Silvestre às 19h30m de hoje, 29 de abril de 2021, no Teatro Rival Refit) e lives (porquê a agendada pela cantora Leila Pinho para sábado, 1º de maio) mantém a obra de Gonzaguinha na taxa.

Munida de atualidade, porquê exemplificou o samba É (1988), veiculado até há pouco tempo na franqueza da romance Paixão de mãe (TV Orbe, 2019 / 2021), essa obra resiste muito ao tempo por ter sido construída com solidez, calcada no paixão e na política. No afeto e na luta, porquê poetiza o título do álbum pronto por Bruna Caram.

A origem carioca do moleque criado no Morro do Estácio, início de bambas seminais, gerou o apego ao samba, ritmo de obras-primas porquê Comportamento universal (1972) e Geraldinos e Arquibaldos (1975).

Mesmo sincopado, esse samba por vezes soou tenso. Nos álbuns iniciais de Gonzaguinha, sobretudo os do período 1973-1975, a tônica foi densidade que, muita vezes, pode ter sido confundida com rancor.

A partir de 1976, ano do álbum Começaria tudo outra vez…, disco marcado pelo bolero que lhe dá nome e por canções afetuosas porquê Espere por...

mim, morena
, Gonzaguinha foi se enternecendo, sem perder a rijeza necessária para lutar por um Brasil mais justo.

O paixão deu o tom, sob prismas sempre originais. Foi a era da exaltação do paixão a dois, da louvação da vida e da reverência ao dom de trovar. Não por contingência, a partir da segunda metade dos anos 1970 e até o início da dezena de 1980, Gonzaguinha se tornou um dos compositores mais requisitados pelas cantoras do Brasil. Maria Bethânia, Simone, Nana Caymmi, Elis Regina (1945 – 1982), Joanna… Quase todas deram vozes a Gonzaguinha.

Talvez molificado pelo aval popular, Gonzaguinha começou nesse período a erguer a bandeira branca para o pai, Gonzagão, Luiz Gonzaga (1912 – 1989), com quem sempre tivera relação ideologicamente conflituosa, embora não tenha refutado a legado músico, porquê atestou a parcela da obra de Gonzaguinha com sotaque nordestino.

Enfim, Gonzaguinha continua por aí. A voz se calou há 30 anos, mas a obra – eternizada em álbuns porquê Moleque Gonzaguinha (1977), Recado (1978), Gonzaguinha da vida (1979), De volta ao início (1980) e Coisa mais maior de grande – Pessoa (1981) – ainda fala por si só.

E, se esse cancioneiro passa de geração para geração, é porque, ao compô-lo, Gonzaguinha parece ter seguido tão somente os caminhos do coração, porquê sinalizou no título de álbum de 1982. Viva Gonzaguinha!



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