‘fleabag’: o que você está fazendo que ainda não viu essa série? | Blog Legendado


Eu não sei o que você está fazendo que você não está assistindo a “Fleabag” (Amazon Prime Video). Não precisa nem ler levante post. Vai lá testemunhar.

A primeira temporada (seis episódios de meia hora) é supimpa, mas o segundo ano da série criada e estrelada por Phoebe Waller-Bridge é uma coisa tão muito feita, tão muito escrita, tão muito atuada que deveria lucrar todos os prêmios de melhor comédia E de melhor drama do ano.

A série é meio que sobre a frivolidade da vida, sobre paixão, família, sexo, luto, e ela passa de um tema a outro de uma maneira tão fácil e tão genial. Mas é muito mais que só uma história indiezinha contada de um jeito esperto.

“Fleabag”, que nasceu uma vez que um espetáculo teatral em que a atriz conversa com a plateia, tem o público, o telespectador, tem a gente uma vez que testemunha e principalmente uma vez que cúmplice da personagem. Tudo é pontuado pelas olhadinhas para a câmera e pelos comentários que só a gente ouve da protagonista – e Waller-Bridge faz isso com uma habilidade descomunal, se virando pra gente às vezes de dois em dois segundos para qualquer observação sarcástico, uma olhadinha marota, um suspiro de lamento, uma interrogação. É absolutamente fascinante.

A segunda temporada também tem uma história de paixão matadora, a melhor química entre dois atores que eu já vi, Andrew Scott (o Moriarty de “Sherlock”) fazendo o mundo inteiro se enamorar por um padre e um primeiro incidente que, mesmo que você nunca tenha visto a série, não tenha interesse em ver a primeira temporada nem zero, mesmo assim você deveria testemunhar.

Finge que é um curta-metragem, sei lá. É bom demais. A melhor pior reunião de família da dez. Meia hora de humor ácido, diálogos afiados, cenas melancólicas, afetuosas, narizes sangrando. De novo: é genial.

***AGORA, OS PARÁGRAFOS A SEGUIR TERÃO SPOILERS, É SÓ PARA QUEM JÁ VIU A SEGUNDA TEMPORADA, PODE PULAR E IR LÁ PRA BAIXO. *****

Sério, amigos, uma vez que a gente não vai se enamorar por aquele padre, me fala?

Que coisa é aquela? O que é ele vendo quando ela olha pra câmera e perguntando o que foi aquilo? “Agora! Para onde você foi?”

Apaixonada pela Fleabag a gente já era desde a temporada passada – e me fascina o quanto ela é desajustada e apaixonante, o quanto a mana governanta e tem inveja dela ao mesmo tempo (e que relação a daquelas duas!), o quanto toda a condescendência da novidade madrasta é na verdade uma grande inveja de quem Fleabag é, o quanto o desprezo do cunhado é uma grande paixão. E o pai, aquele serzinho fofo e sem noção e amoroso e meio perdido. Dá vontade de abraçar o pai.

E tem a Boo, a história da Boo, o moca, o porquinho da índia. E todo o sexo.

O primeiro incidente dessa temporada (que é a última mas vou fingir que não), uma vez que falei, é o melhor de todos. Aquilo é pura arte. Mas tem aquele diálogo maravilhoso sobre as raposas, no final do terceiro. Tem o incidente do prêmio das mulheres do trabalho da Claire. Tem o Klare! Tem a cena do confessionário, ela abrindo seu coração de uma maneira inédita. E tem o final, que partiu o nosso coração, com Fleabag andando e deixando a gente para trás, porque ela tem que suportar sozinha. Eu te senhoril – deixa isso no ar um pouquinho, espera. Eu também te senhoril. (Nós também.)

Que alegria que é poder testemunhar a uma coisa assim, né?

**** FIM DOS SPOILERS, CONTINUE A LER O TEXTO**********

Logo é isso, assista a “Fleabag” que enquanto isso eu vou ver a tão badalada “Chernobyl” (e, se for tudo isso o que estão falando, semana que vem farei o post “a melhor série do ano” novamente. Porque ano bom é assim).

Por falar em incidente primoroso, com tardança: o sétimo da segunda...

temporada de “A maravilhosa Sra. Maisel” (Amazon Prime Video) é uma das melhores coisas já escritas por Amy Shermann-Palladino, o que equivale a manifestar que é uma das melhores coisas já escritas para a televisão. Os diálogos, os personagens secundários que vão surgindo, um outro belíssimo jantar em família – cá, para comemorar o Yom Kipur – é tudo feito com tanta sublimidade que dá vontade de abraçar a TV. Repito: que alegria que é poder testemunhar a coisas assim. Até esqueci do início da temporada, que foi muito chatinho naquele acampamento.

Aliás, se começou meio irritante, esse segundo ano da série terminou de um jeito sensacional. Que personagem a Midge. Mal posso esperar pela terceira temporada.

Atlanta — Foto: Divulgação Atlanta — Foto: Divulgação

Atlanta — Foto: Divulgação

Por falar em segunda temporada boa: eu tinha gostado do primeiro ano de “Atlanta” (FX e Netflix), mas ao contrário do resto da humanidade eu não tinha encontrado a novidade grande maravilha do mundo moderno. Achei boa, me irritei com o drama no tálamo do Earl, por exemplo, e demorei um tempão para ver a segunda.

Mas a segunda é boa demais, e nem falo só do badaladíssimo incidente “Teddy Perkins”, que é uma obra de arte mas, de tanto eu ouvir falarem dele antes, foi meio impossível o incidente conseguir atingir tanta expectativa. É incrível, mas eu gostei mais, por exemplo, do incidente da barbearia.

Paperboi e seu tédio existencial são uma das melhores coisas da cultura pop na dez.

Já a segunda temporada de “Barry” (HBO), que eu ando demorando para terminar de ver, é muito muito boa quando tem o Hank. Quando não tem o Hank é unicamente ok. Meio exagerada em tudo.

De repente me vi viciada em “Succession” (HBO), um novelão sobre uma família de milionários e uma disputa por poder. E eu comecei a ver num domingo de preguiça justamente porque estava com muita vontade de terminar “Fleabag” mas não queria ver tudo de uma vez – aí fui arrumar uma distração e gamei.

Julia Louis-Dreyfus em Veep  — Foto: Divulgação/HBO Julia Louis-Dreyfus em Veep  — Foto: Divulgação/HBO

Julia Louis-Dreyfus em Veep — Foto: Divulgação/HBO

E terminou “Veep”, que há umas duas temporadas não era mais tão incrível, mas que nas outras seis foi umas das melhores série de comédia da dez, rendendo zero menos que seis Emmy de melhor atriz para Julia Louis-Dreyfus – que, na minha opinião, é a melhor atriz em atividade. De qualquer coisa. E que série boa. Que diálogos sem noção referto de xingamentos e ainda assim inteligentíssimos e hilários. Eu devia um post próprio para essa que é uma das minhas comédias favoritas.

Tá vendo? A vida é perfeitamente viável sem “Game of Thrones”.

Mas estou com crise de jejum pós-“Fleabag”, lucro.



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